Em 1925, Sigmund Freud escreveu um ensaio intitulado, “Uma nota sobre o bloco de escrita mágico” . O Wunderblock era um dispositivo de escrita relativamente simples, que permitia o apagamento instantâneo de quaisquer marcas em sua superfície. Um ancestral da Lousa Mágica que, hoje em dia, é um brinquedo de criança ainda popular apesar dos dispositivos eletrônicos de touch que abundam nesse nosso Antropoceno.
Na época de Freud, o Wunderblock era composto de uma camada base, um substrato macio e ceroso, sobre o qual havia uma fina camada de celuloide ou plástico. Ao escrever com uma ponta seca no celuloide, esta deixava impressões na cera que apareciam como marcas escuras no celuloide. Ao Levantar a camada superior de celuloide, as marcas desapareciam, este bloco, portanto, poderia ser usado continuamente. Para Freud, estas duas camadas ofereciam uma analogia interessante para a mente inconsciente e consciente. A mente inconsciente, assim como a camada de cera, recebe impressões e as retém. E o celuloide, assim como a mente consciente, pode ser atualizado para que novas percepções possam surgir.
Georges Didi-Hubermam em seu texto, La ressamblance par contact: archéologie, anachronism e modernité de l’empreinte, criado para a exposição L’Empreinte realizada no Centre Georges-Pompidou em 1997, define a impressão como um dispositivo técnico completo. Nas palavras do autor, “fazer uma impressão: produzir uma marca pela pressão de um corpo sobre uma superfície [...] a impressão supõe um suporte, um substrato, um gesto que o atinge (em geral um gesto de pressão, ao menos um contato), e um resultado mecânico que é a marca, em baixo ou em alto relevo. Trata-se, pois, de um dispositivo técnico completo. Rudimentar, diremos, [...] Muito rudimentar, imemorial, anacrônico. A impressão não é uma invenção – a “invenção”, aqui, se perde dentro da noite dos tempos.” Para os artistas que trabalham no campo ampliado da gravura, o conceito de impressão é uma chave conceitual fundamental, ela amplia a atuação do gravador para além dos processos tradicionais de gravura.
A impressão subverte a história porque a sua temporalidade é paradoxal, muito próxima do fenômeno mas longe do facto. Também desorienta o historiador ao revelar sobreposições de estilos e técnicas que foram descartadas ou reprimidas pela história da arte oficial que acredita poder impor uma orientação linear. A impressão se faz presente em nossas vidas desde o momento de nosso nascimento. Nos define através de nossas digitais, nos orienta em caminhos, trilhas, rastros. Nossos corpos atuam no mundo provocando impressões, registrando nossas atuações, marcando nossa presença e revelando nossa ausência. Não creio que seja coincidência que o “pai da psicanálise” tenha eleito um dispositivo de impressão para pensar o funcionamento de nossas mentes.
Por Ana Bellenzier.
O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.
Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.
Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.
Em 1925, Sigmund Freud escreveu um ensaio intitulado, “Uma nota sobre o bloco de escrita mágico” . O Wunderblock era um dispositivo de escrita relativamente simples, que permitia o apagamento instantâneo de quaisquer marcas em sua superfície. Um ancestral da Lousa Mágica que, hoje em dia, é um brinquedo de criança ainda popular apesar dos dispositivos eletrônicos de touch que abundam nesse nosso Antropoceno.
Na época de Freud, o Wunderblock era composto de uma camada base, um substrato macio e ceroso, sobre o qual havia uma fina camada de celuloide ou plástico. Ao escrever com uma ponta seca no celuloide, esta deixava impressões na cera que apareciam como marcas escuras no celuloide. Ao Levantar a camada superior de celuloide, as marcas desapareciam, este bloco, portanto, poderia ser usado continuamente. Para Freud, estas duas camadas ofereciam uma analogia interessante para a mente inconsciente e consciente. A mente inconsciente, assim como a camada de cera, recebe impressões e as retém. E o celuloide, assim como a mente consciente, pode ser atualizado para que novas percepções possam surgir.
Georges Didi-Hubermam em seu texto, La ressamblance par contact: archéologie, anachronism e modernité de l’empreinte, criado para a exposição L’Empreinte realizada no Centre Georges-Pompidou em 1997, define a impressão como um dispositivo técnico completo. Nas palavras do autor, “fazer uma impressão: produzir uma marca pela pressão de um corpo sobre uma superfície [...] a impressão supõe um suporte, um substrato, um gesto que o atinge (em geral um gesto de pressão, ao menos um contato), e um resultado mecânico que é a marca, em baixo ou em alto relevo. Trata-se, pois, de um dispositivo técnico completo. Rudimentar, diremos, [...] Muito rudimentar, imemorial, anacrônico. A impressão não é uma invenção – a “invenção”, aqui, se perde dentro da noite dos tempos.” Para os artistas que trabalham no campo ampliado da gravura, o conceito de impressão é uma chave conceitual fundamental, ela amplia a atuação do gravador para além dos processos tradicionais de gravura.
A impressão subverte a história porque a sua temporalidade é paradoxal, muito próxima do fenômeno mas longe do facto. Também desorienta o historiador ao revelar sobreposições de estilos e técnicas que foram descartadas ou reprimidas pela história da arte oficial que acredita poder impor uma orientação linear. A impressão se faz presente em nossas vidas desde o momento de nosso nascimento. Nos define através de nossas digitais, nos orienta em caminhos, trilhas, rastros. Nossos corpos atuam no mundo provocando impressões, registrando nossas atuações, marcando nossa presença e revelando nossa ausência. Não creio que seja coincidência que o “pai da psicanálise” tenha eleito um dispositivo de impressão para pensar o funcionamento de nossas mentes.
Por Ana Bellenzier.
O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.
Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.
Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.