Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Terra-matéria: sustentabilidade na gravura

Artista utiliza pigmentos de terra e resíduos de MDF para criar gravuras de cores e texturas únicas.Artista utiliza pigmentos de terra e resíduos de MDF para criar gravuras de cores e texturas únicas.
Miriam Canfield
/
Imagem 1. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Gracon

Hélio Oiticica compreende a arte como um campo de epistemologia anárquica onde as experiências e os processos não são percebidos como lineares, evolutivos ou homogêneos. Para o autor, em todos os tempos, os artistas revisitam tanto as experiências que “deram certo” quanto as que “não deram certo” em novas combinações semânticas, confrontado os paradigmas que a arte definiu para si. (Oiticica, 1986, p.121)

A terra é ao mesmo tempo o lugar onde vivemos e o solo no qual pisamos, com diferentes tonalidades, colorações e texturas dependendo de suas propriedades físicas, químicas e mineralógicas. Na Carta de Munsell (2015), há aproximadamente 170 cores de terra (matizes, valor e croma) no Brasil. As tintas desenvolvidas a partir destes pigmentos nunca desbotam, mesmo sob sol forte. Além disso, não apresentam problemas de conservação e não criam fungos — tanto na pintura como na tinta (Bermond, 2024). 

Aliado ao uso da terra como pigmento para a impressão das gravuras, a artista também utilizou descartes de MDF como matrizes. A terra é um material de preparo simples e um recurso renovável de baixo custo. O processo da separação de suas impurezas pode envolver secagem, moagem, peneiração, filtragem e até mesmo decantação. Em seguida, este pigmento é associado a uma goma preparada com amido de mandioca fermentado (polvilho azedo) e ácido acético (vinagre). A matriz de MDF, já lixada, aumenta a aderência da tinta, que é aplicada com rolos, do mesmo modo que as tintas industriais. A utilização destes materiais alternativos demonstra as possibilidades de criação de uma rica paleta de cores, texturas e transparências, além de prover efeitos únicos que conectam a obra à própria terra de onde o pigmento foi extraído. Para as matrizes, a artista escolheu resíduos industriais de MDF, obtidos em locais de descartes. Esse recurso, assim como a terra, também pode ser considerado sustentável pois busca a redução do desperdício de um material subutilizado, possibilitando um novo ciclo de vida para ele.

Os formatos das matrizes foram selecionados pela artista visando um resultado pré-estabelecido. Os recortes de retângulos e quadrados, podem remeter a ideia de construções de cidades e de prédios, de superpopulação, da vida urbana, da agitação, do trabalho e tecnologias. A terra pode remeter ao habitat natural humano e os resíduos de MDF podem se conectar à sua materialidade. No campo artístico da gravura, a combinação da terra aos resíduos de MDF oferece novas possibilidades para artistas que desejam expressar uma consciência à sustentabilidade por meio da ressignificação destes materiais.

Imagem 2. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 3. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 4. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 5. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 6. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 7. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 8. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 9. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 10. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.

Por Miriam Pereira Canfield.

Última atualização
24/6/2024 11:16
Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira. 

Opinião

Terra-matéria: sustentabilidade na gravura

Artista utiliza pigmentos de terra e resíduos de MDF para criar gravuras de cores e texturas únicas.Artista utiliza pigmentos de terra e resíduos de MDF para criar gravuras de cores e texturas únicas.
Miriam Canfield
/
Imagem 1. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
24/6/2024 11:15
Gracon

Hélio Oiticica compreende a arte como um campo de epistemologia anárquica onde as experiências e os processos não são percebidos como lineares, evolutivos ou homogêneos. Para o autor, em todos os tempos, os artistas revisitam tanto as experiências que “deram certo” quanto as que “não deram certo” em novas combinações semânticas, confrontado os paradigmas que a arte definiu para si. (Oiticica, 1986, p.121)

A terra é ao mesmo tempo o lugar onde vivemos e o solo no qual pisamos, com diferentes tonalidades, colorações e texturas dependendo de suas propriedades físicas, químicas e mineralógicas. Na Carta de Munsell (2015), há aproximadamente 170 cores de terra (matizes, valor e croma) no Brasil. As tintas desenvolvidas a partir destes pigmentos nunca desbotam, mesmo sob sol forte. Além disso, não apresentam problemas de conservação e não criam fungos — tanto na pintura como na tinta (Bermond, 2024). 

Aliado ao uso da terra como pigmento para a impressão das gravuras, a artista também utilizou descartes de MDF como matrizes. A terra é um material de preparo simples e um recurso renovável de baixo custo. O processo da separação de suas impurezas pode envolver secagem, moagem, peneiração, filtragem e até mesmo decantação. Em seguida, este pigmento é associado a uma goma preparada com amido de mandioca fermentado (polvilho azedo) e ácido acético (vinagre). A matriz de MDF, já lixada, aumenta a aderência da tinta, que é aplicada com rolos, do mesmo modo que as tintas industriais. A utilização destes materiais alternativos demonstra as possibilidades de criação de uma rica paleta de cores, texturas e transparências, além de prover efeitos únicos que conectam a obra à própria terra de onde o pigmento foi extraído. Para as matrizes, a artista escolheu resíduos industriais de MDF, obtidos em locais de descartes. Esse recurso, assim como a terra, também pode ser considerado sustentável pois busca a redução do desperdício de um material subutilizado, possibilitando um novo ciclo de vida para ele.

Os formatos das matrizes foram selecionados pela artista visando um resultado pré-estabelecido. Os recortes de retângulos e quadrados, podem remeter a ideia de construções de cidades e de prédios, de superpopulação, da vida urbana, da agitação, do trabalho e tecnologias. A terra pode remeter ao habitat natural humano e os resíduos de MDF podem se conectar à sua materialidade. No campo artístico da gravura, a combinação da terra aos resíduos de MDF oferece novas possibilidades para artistas que desejam expressar uma consciência à sustentabilidade por meio da ressignificação destes materiais.

Imagem 2. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 3. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 4. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 5. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 6. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 7. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 8. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 9. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.
Imagem 10. Série Terra, técnica xilogravura, 21 x 29,7 cm, Curitiba, 2024.

Por Miriam Pereira Canfield.

Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Última atualização
24/6/2024 11:16

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.