Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Sentimento de superioridade: esse grande dragão à espreita sob o manto das guerras

Artigo introspectivo que explora a dinâmica entre vaidade, medo, e orgulho, e como a humildade pode ser a solução para conflitos internos.Artigo introspectivo que explora a dinâmica entre vaidade, medo, e orgulho, e como a humildade pode ser a solução para conflitos internos.
Arte Cidade Capital
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DALL·E 3
Marta Moneo

<span class="abre-texto">A princípio, o homem vive uma vida exterior</span> e, mais tarde, uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito (citando Fernando Pessoa) – porque, e é sempre importante lembrar, projetamos para fora e para o outro o que negamos em nós desde bebês.

O ser humano prefere ser exaltado pelo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação, buscando infantilmente despertar a admiração e mesmo a inveja nos outros para, assim, elevar a própria autoestima – por conta da dependência de segurança e reconhecimento externos – alimentando um momentâneo e ilusório estado de prazer.

Esse sentimento, caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, constitui a raiz mais profunda do orgulho – raiz cuja semente é o medo.
É preciso ao adulto de hoje reconhecer o conflito que ocorre em seu mundo interno. Uma guerra que se trava de forma interna, mas que ameaça transbordar os limites emocionais do eu psíquico e manifestar-se no corpo físico inclusive.
Naturalmente, o conflito entre um medo e um desejo. Porque há uma ordem de conflitos capaz de alavancar drásticas perturbações na organização mental, exatamente porque o medo se faz filho do desejo... e assume a paternidade do orgulho.

Apesar do impulso que nos impele à ação para a consumação do desejo, aquilo que pode realmente apaziguar o ego em conflito se acha na dimensão da humildade em reconhecer a existência desse desejo e negociar consigo.

O reconhecimento do querer é o que nos induz a pensar; e, não é novidade o fato de que isso coincide com a capacidade de adiar a ação. Ainda assim, o reconhecer é assustador – isso por se tratar de um movimento interno que leva a abrir mão da satisfação do prazer que estaria na efetivação da ação.

A psicanálise ensina com muita clareza que pensar sobre as emoções diante do que causa frustração leva, queira ou não, ao reduto da realidade. E que pensar nos possibilita um desistir da satisfação imediata – que, apesar de ser prazerosa, é exatamente a responsável pelo conflito.
A proposta de considerar a dimensão do lado desconhecido da mente deve partir de certa experiência de humildade, na consideração da ignorância presente nas dores da alma e no conteúdo arcaico do inconsciente do homem.
Humildade é um termo advindo do latim húmus, cujo significado é terra fértil, apta a receber e frutificar sementes por se fomentar na riqueza dos bons nutrientes.

Entender que no cerne da humildade – contrariamente ao fosso do medo e das raízes doentias do orgulho – residem: a liberdade de sermos quem somos; a possibilidade de oferecer-nos ao novo, trazido pelo reduto social, com um olhar mais afetivo e articulado na ponderação ante aos desafios do cotidiano; o discernimento sobre a imperfeição que nos habita sem que a comparação se instale gerando angústia, menos valia e/ou revolta; e, a oportunidade de alcançarmos a felicidade possível, tanto no campo da realidade quase sempre frustrante, como na seara dos mal-entendidos resultantes da linguagem (verbal ou não verbal) nas relações humanas.

Buscar o enfrentamento dessas tendências basais mergulhadas ainda em nosso inconsciente primitivo é, a meu ver, o necessário percurso a ser trilhado, especialmente nesses tempos em que entidades políticas – reconhecidas como tal ou não – guerreiam em nome de reconhecimento de suas pretensas e relativas verdades, em tristes estratégias de busca por segurança (territorial, patrimonial, social, religiosa etc.), submetendo irmãos em humanidade ao luto, à dor, à humilhação, a traumas e ao desconsolo – homens, mulheres, idosos e crianças em busca de um chão, de um mínimo de amor e sobrevida, marchando sem aonde.

Sob o manto das guerras, o sentimento de superioridade aloja-se no grande dragão da vaidade – em exacerbada mais valia a validar o fogo insano da barbárie – que sobrevoa céus diversos, ignorando quem amarga a humildade espera por um chão mais fértil, nutrido pela paz externa e interna a cada um.

Última atualização
19/12/2023 11:42
Marta Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); Pós-graduada em psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em psicanálise, pelo Centro de Formação em Psicanálise Clínica Illumen, com sede em São Paulo desde 2010. Outras formações acadêmicas: graduação em administração de empresas, pela Faculdade Ibero-Americana; graduação em letras, pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes) Catanduva; Leciona psicanálise, atua como analista didática e supervisora na preparação psicanalítica de alunos do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2017, com maior direcionamento ao público infanto-juvenil e adolescente.

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Redação Cidade Capital
13/9/2024 11:00

O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

Redação Cidade Capital
13/9/2024 9:53

Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.

Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.

Opinião

Sentimento de superioridade: esse grande dragão à espreita sob o manto das guerras

Artigo introspectivo que explora a dinâmica entre vaidade, medo, e orgulho, e como a humildade pode ser a solução para conflitos internos.Artigo introspectivo que explora a dinâmica entre vaidade, medo, e orgulho, e como a humildade pode ser a solução para conflitos internos.
Arte Cidade Capital
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DALL·E 3
Marta Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); Pós-graduada em psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em psicanálise, pelo Centro de Formação em Psicanálise Clínica Illumen, com sede em São Paulo desde 2010. Outras formações acadêmicas: graduação em administração de empresas, pela Faculdade Ibero-Americana; graduação em letras, pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes) Catanduva; Leciona psicanálise, atua como analista didática e supervisora na preparação psicanalítica de alunos do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2017, com maior direcionamento ao público infanto-juvenil e adolescente.
22/11/2023 10:54
Marta Moneo

Humildade: a chave para entender a complexidade emocional

<span class="abre-texto">A princípio, o homem vive uma vida exterior</span> e, mais tarde, uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito (citando Fernando Pessoa) – porque, e é sempre importante lembrar, projetamos para fora e para o outro o que negamos em nós desde bebês.

O ser humano prefere ser exaltado pelo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação, buscando infantilmente despertar a admiração e mesmo a inveja nos outros para, assim, elevar a própria autoestima – por conta da dependência de segurança e reconhecimento externos – alimentando um momentâneo e ilusório estado de prazer.

Esse sentimento, caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, constitui a raiz mais profunda do orgulho – raiz cuja semente é o medo.
É preciso ao adulto de hoje reconhecer o conflito que ocorre em seu mundo interno. Uma guerra que se trava de forma interna, mas que ameaça transbordar os limites emocionais do eu psíquico e manifestar-se no corpo físico inclusive.
Naturalmente, o conflito entre um medo e um desejo. Porque há uma ordem de conflitos capaz de alavancar drásticas perturbações na organização mental, exatamente porque o medo se faz filho do desejo... e assume a paternidade do orgulho.

Apesar do impulso que nos impele à ação para a consumação do desejo, aquilo que pode realmente apaziguar o ego em conflito se acha na dimensão da humildade em reconhecer a existência desse desejo e negociar consigo.

O reconhecimento do querer é o que nos induz a pensar; e, não é novidade o fato de que isso coincide com a capacidade de adiar a ação. Ainda assim, o reconhecer é assustador – isso por se tratar de um movimento interno que leva a abrir mão da satisfação do prazer que estaria na efetivação da ação.

A psicanálise ensina com muita clareza que pensar sobre as emoções diante do que causa frustração leva, queira ou não, ao reduto da realidade. E que pensar nos possibilita um desistir da satisfação imediata – que, apesar de ser prazerosa, é exatamente a responsável pelo conflito.
A proposta de considerar a dimensão do lado desconhecido da mente deve partir de certa experiência de humildade, na consideração da ignorância presente nas dores da alma e no conteúdo arcaico do inconsciente do homem.
Humildade é um termo advindo do latim húmus, cujo significado é terra fértil, apta a receber e frutificar sementes por se fomentar na riqueza dos bons nutrientes.

Entender que no cerne da humildade – contrariamente ao fosso do medo e das raízes doentias do orgulho – residem: a liberdade de sermos quem somos; a possibilidade de oferecer-nos ao novo, trazido pelo reduto social, com um olhar mais afetivo e articulado na ponderação ante aos desafios do cotidiano; o discernimento sobre a imperfeição que nos habita sem que a comparação se instale gerando angústia, menos valia e/ou revolta; e, a oportunidade de alcançarmos a felicidade possível, tanto no campo da realidade quase sempre frustrante, como na seara dos mal-entendidos resultantes da linguagem (verbal ou não verbal) nas relações humanas.

Buscar o enfrentamento dessas tendências basais mergulhadas ainda em nosso inconsciente primitivo é, a meu ver, o necessário percurso a ser trilhado, especialmente nesses tempos em que entidades políticas – reconhecidas como tal ou não – guerreiam em nome de reconhecimento de suas pretensas e relativas verdades, em tristes estratégias de busca por segurança (territorial, patrimonial, social, religiosa etc.), submetendo irmãos em humanidade ao luto, à dor, à humilhação, a traumas e ao desconsolo – homens, mulheres, idosos e crianças em busca de um chão, de um mínimo de amor e sobrevida, marchando sem aonde.

Sob o manto das guerras, o sentimento de superioridade aloja-se no grande dragão da vaidade – em exacerbada mais valia a validar o fogo insano da barbárie – que sobrevoa céus diversos, ignorando quem amarga a humildade espera por um chão mais fértil, nutrido pela paz externa e interna a cada um.

Marta Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); Pós-graduada em psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em psicanálise, pelo Centro de Formação em Psicanálise Clínica Illumen, com sede em São Paulo desde 2010. Outras formações acadêmicas: graduação em administração de empresas, pela Faculdade Ibero-Americana; graduação em letras, pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes) Catanduva; Leciona psicanálise, atua como analista didática e supervisora na preparação psicanalítica de alunos do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2017, com maior direcionamento ao público infanto-juvenil e adolescente.
Última atualização
19/12/2023 11:42

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Redação Cidade Capital
13/9/2024 11:00

O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

Redação Cidade Capital
13/9/2024 9:53

Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.

Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.