Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Palavra 'bisturi' pode cortar para ferir e, quase sempre, não representa a melhor alternativa

Descubra a importância de falar com consciência e gentileza, transformando palavras em ferramentas de construção de relações saudáveis e significativas.Descubra a importância de falar com consciência e gentileza, transformando palavras em ferramentas de construção de relações saudáveis e significativas.
Arte Cidade Capital
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DALL·E 3
Maku de Almeida

<span class="abre-texto">Passo meus dias ouvindo, lendo e mediando</span> diálogos – meu fazer envolve ouvir e falar. Observo há tempos e vivo os impactos de um falar impensado. Dependendo das pessoas envolvidas, do contexto e do tema, as palavras são eficientes bisturis que cortam fundo a alma. Tão fundo que, por vezes, a cicatrização é lenta ou não acontece.

Em muitos casos, as palavras exteriorizam o mundo interior perturbado do falante, expelidas como terceirização de pensamentos dolorosos ou incômodos. Em outros, sem conhecer um milímetro para dentro do nariz do interlocutor, o falante julga, condena e executa com a desenvoltura de sócio proprietário da verdade.

O rastro de sangue e vísceras consequente é solenemente ignorado, pois ao retornar ao seu mundo interior, o falante degusta dos segundos do prazer da vitória de Pirro.

Sua vitória instantânea cava um fosso ao seu redor que poucas pessoas – quase sempre seus iguais – ousam atravessar.

Sabendo disto, e consciente de que “nos levará aos céus, mas antes nos arrastará pelos porões do inferno”, tenho cada vez mais adiado ou mesmo cancelado o meu falar. Percebo maior poder nos campos dialógicos quando o falar é entremeado de silêncios pensantes. Experimento e, quando adequado, ofereço a sugestão de uma sequência rápida de pensamentos, com dupla função: organizar o tumulto do condomínio mental e orientar a escolha de palavras, interlocutor, ocasião e razão de ser.

Em até vinte segundos, posso montar uma pequena árvore de decisão que começa com uma questão não tão simples: é verdade o que quero falar? Minha verdade está enviesada pelos conteúdos do meu quadro de referência? É uma verdade factual? Por aqui, muito do que vem até o aparelho fonador volta rapidinho para a origem... bom tema para as reuniões do condomínio mental. Ganha o silêncio.

Decidido o ato de falar, é bom pensar se a verdade é útil ou inspiradora para aquele interlocutor específico (ou grupo de interlocutores), se leva em consideração o outro, se está sintonizada com o mundo de significado do outro. Aqui, penso em inteligência estratégica – se quero ser escutada, me sintonizar a quem escuta é o mínimo para alimentar o autorrespeito.

Olhar em volta é o próximo galho da minha árvore de decisão: o momento é este? O local é este? Há ambiente favorável? A dignidade do outro (e a minha dignidade) está protegida de olhares e ouvidos inoportunos? É importante não fazer da minha fala um convite para triangulações ou interpretações, raízes que nutrem toxidades e começam sua evolução em público casual. Esta reflexão, estendida para as publicações nas redes sociais, pode nos levar a considerações profundas sobre impactos e sequências complexas de diálogos adoecidos.

E no segundo que antecede a fala verdadeira, útil, destinada adequadamente, oportuna, tempestiva e protegida – faz-se necessária uma última decisão. Seja lá o que for, falarei gentilmente. A gentileza é a última estação desta sequência de deliberações.

A gentileza é um guarda-chuva que abriga amabilidade deliberada, respeito, cuidado, valorização e validação do interlocutor.

Muitas vezes, perguntam-me se estes cuidados devem ser adotados o tempo todo com todas as pessoas. Respondo que acredito em um “adestramento” do nosso cérebro, feito aos poucos, e que também aos poucos vai nos dando a liberdade extraordinária da escolha. Sem pensar, nosso falar carrega junto aspectos que são exclusivos do diálogo interno – calibrar este diálogo é o ganho colateral deste falar sintonizado.

Converter palavras bisturis em palavras pontes não significa omissão ou um esquivar de responsabilidades – quaisquer que sejam. É escolher a dialógica simétrica, é escolher não ferir, é escolher deixar lembranças e não cicatrizes.

Ao dialogar com crianças, equipes, amores, amigos, família – pensar por vinte segundos pode ser um tijolinho na construção da saúde de encontros. O desafio é experimentar. Posso dizer que navegar na fluência gentil trouxe para minha vida pessoas que não temem o contato profundo e verdadeiro. Dialogamos profundamente e recheamos com silêncios prolongados o nosso estar presente.

Última atualização
18/12/2023 0:04
Maku de Almeida
Analista transacional. É a colunista decana deste veículo.

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Redação Cidade Capital
13/9/2024 11:00

O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

Redação Cidade Capital
13/9/2024 9:53

Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.

Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.

Opinião

Palavra 'bisturi' pode cortar para ferir e, quase sempre, não representa a melhor alternativa

Descubra a importância de falar com consciência e gentileza, transformando palavras em ferramentas de construção de relações saudáveis e significativas.Descubra a importância de falar com consciência e gentileza, transformando palavras em ferramentas de construção de relações saudáveis e significativas.
Arte Cidade Capital
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DALL·E 3
Maku de Almeida
Analista transacional. É a colunista decana deste veículo.
10/12/2023 14:48
Maku de Almeida

Palavra 'bisturi' pode cortar para ferir e, quase sempre, não representa a melhor alternativa

<span class="abre-texto">Passo meus dias ouvindo, lendo e mediando</span> diálogos – meu fazer envolve ouvir e falar. Observo há tempos e vivo os impactos de um falar impensado. Dependendo das pessoas envolvidas, do contexto e do tema, as palavras são eficientes bisturis que cortam fundo a alma. Tão fundo que, por vezes, a cicatrização é lenta ou não acontece.

Em muitos casos, as palavras exteriorizam o mundo interior perturbado do falante, expelidas como terceirização de pensamentos dolorosos ou incômodos. Em outros, sem conhecer um milímetro para dentro do nariz do interlocutor, o falante julga, condena e executa com a desenvoltura de sócio proprietário da verdade.

O rastro de sangue e vísceras consequente é solenemente ignorado, pois ao retornar ao seu mundo interior, o falante degusta dos segundos do prazer da vitória de Pirro.

Sua vitória instantânea cava um fosso ao seu redor que poucas pessoas – quase sempre seus iguais – ousam atravessar.

Sabendo disto, e consciente de que “nos levará aos céus, mas antes nos arrastará pelos porões do inferno”, tenho cada vez mais adiado ou mesmo cancelado o meu falar. Percebo maior poder nos campos dialógicos quando o falar é entremeado de silêncios pensantes. Experimento e, quando adequado, ofereço a sugestão de uma sequência rápida de pensamentos, com dupla função: organizar o tumulto do condomínio mental e orientar a escolha de palavras, interlocutor, ocasião e razão de ser.

Em até vinte segundos, posso montar uma pequena árvore de decisão que começa com uma questão não tão simples: é verdade o que quero falar? Minha verdade está enviesada pelos conteúdos do meu quadro de referência? É uma verdade factual? Por aqui, muito do que vem até o aparelho fonador volta rapidinho para a origem... bom tema para as reuniões do condomínio mental. Ganha o silêncio.

Decidido o ato de falar, é bom pensar se a verdade é útil ou inspiradora para aquele interlocutor específico (ou grupo de interlocutores), se leva em consideração o outro, se está sintonizada com o mundo de significado do outro. Aqui, penso em inteligência estratégica – se quero ser escutada, me sintonizar a quem escuta é o mínimo para alimentar o autorrespeito.

Olhar em volta é o próximo galho da minha árvore de decisão: o momento é este? O local é este? Há ambiente favorável? A dignidade do outro (e a minha dignidade) está protegida de olhares e ouvidos inoportunos? É importante não fazer da minha fala um convite para triangulações ou interpretações, raízes que nutrem toxidades e começam sua evolução em público casual. Esta reflexão, estendida para as publicações nas redes sociais, pode nos levar a considerações profundas sobre impactos e sequências complexas de diálogos adoecidos.

E no segundo que antecede a fala verdadeira, útil, destinada adequadamente, oportuna, tempestiva e protegida – faz-se necessária uma última decisão. Seja lá o que for, falarei gentilmente. A gentileza é a última estação desta sequência de deliberações.

A gentileza é um guarda-chuva que abriga amabilidade deliberada, respeito, cuidado, valorização e validação do interlocutor.

Muitas vezes, perguntam-me se estes cuidados devem ser adotados o tempo todo com todas as pessoas. Respondo que acredito em um “adestramento” do nosso cérebro, feito aos poucos, e que também aos poucos vai nos dando a liberdade extraordinária da escolha. Sem pensar, nosso falar carrega junto aspectos que são exclusivos do diálogo interno – calibrar este diálogo é o ganho colateral deste falar sintonizado.

Converter palavras bisturis em palavras pontes não significa omissão ou um esquivar de responsabilidades – quaisquer que sejam. É escolher a dialógica simétrica, é escolher não ferir, é escolher deixar lembranças e não cicatrizes.

Ao dialogar com crianças, equipes, amores, amigos, família – pensar por vinte segundos pode ser um tijolinho na construção da saúde de encontros. O desafio é experimentar. Posso dizer que navegar na fluência gentil trouxe para minha vida pessoas que não temem o contato profundo e verdadeiro. Dialogamos profundamente e recheamos com silêncios prolongados o nosso estar presente.

Maku de Almeida
Analista transacional. É a colunista decana deste veículo.
Última atualização
18/12/2023 0:04

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Redação Cidade Capital
13/9/2024 11:00

O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

Redação Cidade Capital
13/9/2024 9:53

Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.

Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.