<span class="abre-texto">Uma das questões mais delicadas a que me debruço,</span> quando no atendimento de crianças e seus respectivos cuidadores, permanece no âmbito de um meio de caminho em que o entendimento sobre o amar se arvoraria: incondicionalidade ou imprescindibilidade do limite?
A controvérsia se abre diante de construtos e experiências, no delicado espaço de interação entre as realidades objetiva e subjetiva, e por onde se situa o embate sobre o social e o singular, sobre o humano e o divino.
Para a psicanálise, o sujeito é aquele que se constitui na relação com o Outro mediado pela linguagem: somos, a princípio, seres de necessidades; e, após a vivência de satisfação, seres de desejos. Com isso, entramos na ciranda civilizatória intercambiando o simbólico.
O advento da maternidade estabelece entre mãe/cuidadora e bebê, de forma objetiva, uma relação condicionada ao choro; por meio dele, a enunciação simbólica da fome ou de outra angústia ativará a tomada de iniciativas e providências. E desse elo social, desenvolvido ou não por um desejo materno em provisionar, poderá surgir a possibilidade do estabelecimento de um laço maior, o da afeição – embora nem todas as mães consigam tecê-lo.
Sob o ponto de vista cultural, um outro olhar se ergue: o que se regozija nos escaninhos das crenças (notadamente a de caráter religioso). Nesse sentido, tanto na gestação como no ‘vir-à-luz’, a constituição do laço adquiriria um outro tônus e alinhamento ao que se introjeta como um nó proveniente do divino, o qual se perpetua no abraço apertado entre quem gera e quem nasce, fazendo vingar psiquicamente a incondicionalidade de um amor ímpar, imaculado, produzido incessantemente por alguém eleito para servir ao outro, quaisquer sejam as respostas que retornem.
E eis a confusão que se estabelece nas vielas trabalhosas da educação infantil: a concepção de que o amor sem fim, incondicional, apresenta-se como a mais saudável base ao intercâmbio entre pais e filhos. Mediante tal interpretação, erguem-se argumentos para não se estabelecer a restrição, para negar a perda de admiração e até a raiva suscitada pelo menor no adulto, para não apor limites – o que se faz necessário para que o escopo familiar não se esfacele em suas prerrogativas de direcionar a educação dos pequenos (nessa inversão geradora da Síndrome do Imperador, por exemplo) ao convívio social.
A estrutura mental de uma criança nas fases iniciais de desenvolvimento não dispõe de capacitação para dimensionar consequências em suas atitudes.
Serão os pais que deverão atuar como superego dos filhos, educando o sujeito-mirim de desejos pela interdição de dadas tendências primitivas e quereres. Para isso, a função pai/mãe deve prevalecer quando for preciso frustrar e articular o não, sem remorso, sem culpa.
Em outras palavras, há que se efetivar a renúncia de um papel materno/paterno idealizado, encaixado durante séculos em nossos lares; romper com a noção de que o amor maior se fixa na abdicação do próprio desejo – o que representaria se alienar enquanto ser social, desconstruindo-se como sujeito desejante também.
Implicar a criança desde a infância, esse é o caráter precioso do melhor amor, desse amar íntegro e interativo, verdadeiro no que se propõe, que negocia empaticamente os quereres infantis sem negar a si mesmo enquanto também sujeito de vontades – é preciso um basta ao que se norteia pela cegueira do “tudo pode... porque eu perdoo, eu acato, eu esqueço!”.
A infância notadamente de hoje nos pede atenção. Especialmente para que seja enlaçada pelo amor que restringe, educa, estimula e responsabiliza.
O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.
Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.
Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.
<span class="abre-texto">Uma das questões mais delicadas a que me debruço,</span> quando no atendimento de crianças e seus respectivos cuidadores, permanece no âmbito de um meio de caminho em que o entendimento sobre o amar se arvoraria: incondicionalidade ou imprescindibilidade do limite?
A controvérsia se abre diante de construtos e experiências, no delicado espaço de interação entre as realidades objetiva e subjetiva, e por onde se situa o embate sobre o social e o singular, sobre o humano e o divino.
Para a psicanálise, o sujeito é aquele que se constitui na relação com o Outro mediado pela linguagem: somos, a princípio, seres de necessidades; e, após a vivência de satisfação, seres de desejos. Com isso, entramos na ciranda civilizatória intercambiando o simbólico.
O advento da maternidade estabelece entre mãe/cuidadora e bebê, de forma objetiva, uma relação condicionada ao choro; por meio dele, a enunciação simbólica da fome ou de outra angústia ativará a tomada de iniciativas e providências. E desse elo social, desenvolvido ou não por um desejo materno em provisionar, poderá surgir a possibilidade do estabelecimento de um laço maior, o da afeição – embora nem todas as mães consigam tecê-lo.
Sob o ponto de vista cultural, um outro olhar se ergue: o que se regozija nos escaninhos das crenças (notadamente a de caráter religioso). Nesse sentido, tanto na gestação como no ‘vir-à-luz’, a constituição do laço adquiriria um outro tônus e alinhamento ao que se introjeta como um nó proveniente do divino, o qual se perpetua no abraço apertado entre quem gera e quem nasce, fazendo vingar psiquicamente a incondicionalidade de um amor ímpar, imaculado, produzido incessantemente por alguém eleito para servir ao outro, quaisquer sejam as respostas que retornem.
E eis a confusão que se estabelece nas vielas trabalhosas da educação infantil: a concepção de que o amor sem fim, incondicional, apresenta-se como a mais saudável base ao intercâmbio entre pais e filhos. Mediante tal interpretação, erguem-se argumentos para não se estabelecer a restrição, para negar a perda de admiração e até a raiva suscitada pelo menor no adulto, para não apor limites – o que se faz necessário para que o escopo familiar não se esfacele em suas prerrogativas de direcionar a educação dos pequenos (nessa inversão geradora da Síndrome do Imperador, por exemplo) ao convívio social.
A estrutura mental de uma criança nas fases iniciais de desenvolvimento não dispõe de capacitação para dimensionar consequências em suas atitudes.
Serão os pais que deverão atuar como superego dos filhos, educando o sujeito-mirim de desejos pela interdição de dadas tendências primitivas e quereres. Para isso, a função pai/mãe deve prevalecer quando for preciso frustrar e articular o não, sem remorso, sem culpa.
Em outras palavras, há que se efetivar a renúncia de um papel materno/paterno idealizado, encaixado durante séculos em nossos lares; romper com a noção de que o amor maior se fixa na abdicação do próprio desejo – o que representaria se alienar enquanto ser social, desconstruindo-se como sujeito desejante também.
Implicar a criança desde a infância, esse é o caráter precioso do melhor amor, desse amar íntegro e interativo, verdadeiro no que se propõe, que negocia empaticamente os quereres infantis sem negar a si mesmo enquanto também sujeito de vontades – é preciso um basta ao que se norteia pela cegueira do “tudo pode... porque eu perdoo, eu acato, eu esqueço!”.
A infância notadamente de hoje nos pede atenção. Especialmente para que seja enlaçada pelo amor que restringe, educa, estimula e responsabiliza.
O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.
Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.
Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.