<span class="abre-texto">Volta e meia, questiono a mim mesma</span> sobre meu propósito, minhas necessidades e expectativas, e sobre quem escolho, afinal de contas, para ser parceira na implacável passagem do tempo. Dois mestres me inspiram, psiquiatras humanistas, seres humanos muito atentos aos demais. São duas histórias quase paralelas que se desenrolam. Um nasce cinco anos antes do outro, vivem experiências simultâneas oriundas do mesmo flagelo, a segunda guerra mundial – em minúsculas mesmo!
Dr. Victor Emil Frankl e Dr. Eric Berne, um europeu, outro americano, marcam suas vidas com diferenças e semelhanças. O primeiro, Frankl, nasce e morre em Viena. Berne nasce em Montreal e morre na Califórnia. Frankl cria a Logoterapia (pensamento filosófico baseado na busca pelo sentido da vida) e a Análise Existencial. Berne estabelece a Análise Transacional (cujo pensamento filosófico orienta as intervenções para a autonomia) e a Psiquiatria Radical.
Durante a guerra, Eric Berne serve como major médico nas forças estadunidenses, longe da frente de batalha. Victor Frankl, também distante das batalhas, passa por experiências inimagináveis em quatro campos de concentração e extermínio, entre 1942 e 1945, incluindo os campos de Theresienstadt e Auschwitz, os mais cruéis.
Frankl aprende, por meio da atenção intensa, a construir dentro de si um espaço de liberdade. Ele cria para si um sentido – reencontrar sua mulher, e, mesmo nas condições extremas, mantém o pensamento focado nesse propósito. Ao escrever sobre esse momento da sua vida, ele afirma que tudo se pode tirar de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida.
Em sua observação, identificar e sustentar o sentido faz a diferença para dar forças de sobrevivência aos seres humanos com quem compartilha os anos de ignomínia. Ao final da guerra, com apenas vinte e cinco quilos, ele se liberta, e descobre que a esposa, os irmãos e o pai haviam sido assassinados pelos nazistas. Embora pudesse parecer natural que desistisse, os horrores por ele vividos não o afastam da consolidação da sua filosofia e da intervenção terapêutica da Logoterapia. Entender a linguagem do sofrimento, sobre a qual escreve com profundidade, o leva a desenvolver uma intervenção potente e profundamente respeitosa, focada em apoiar as pessoas a encontrar o seu sentido de vida.
Neste ponto da jornada, entendo o diálogo entre os dois como fundamental. Berne vê a cura como a obtenção da autonomia e percebe que obtê-la não é algo tão simples. Muito do que parece autônomo é a repetição automática dos padrões programados na infância. Ao atender soldados que partem e voltam da guerra, ele percebe de perto o quanto estar escravizado ao passado aumenta a intensidade dos danos e esvazia a energia necessária para a cura.
Penso em uma conexão poderosa entre os dois pensamentos: para identificar meu propósito, preciso da autonomia. Vejo a conquista da autonomia como parte fundamental da identificação e assunção do sentido. O primeiro passo, portanto, é a expansão da consciência.
Quem sou eu? O que quero ou não, o que preciso ou não, o que sinto ou não. Reduzir a força desses padrões do passado pode deslocar essa força para pensar criativamente no futuro. Contudo, escrever ou falar a respeito é simples quando comparado ao fazer. Escapar dos padrões é um ato complexo.
Saudáveis ou danosos, os padrões nos oferecem uma razoável estabilidade. Isso faz um bem danado. Conhecer tais padrões pode ser uma atividade nada confortável, com um ganho especial ao final. A possibilidade de começar a experimentar pensamentos mais lúcidos, decisões menos automáticas e contato com os próprios desejos e necessidades se abre. Na jornada, outros experimentos são constituintes. Relacionamentos autênticos são um deles.
Ao me conhecer, desenvolvo uma gramática que me permite olhar para o outro, e me abrir para o movimento de conhecer o outro. Penso que definir um propósito pode ser libertador, e se alcança como consequência da conquista da autonomia. Senão, defenderei a bandeira do meu sentido estampada com o sentido alheio. Com o acesso vedado ao meu próprio sentido, defenderei até a morte aquele que me controla.
Imagino o olhar de Frankl e Berne para os humanos perdidos neste bate-cabeça interminável, nesta cabra-cega universal, de crianças adoecidas que estão abrigadas em corpos adultos. Ambos, estudiosos determinados (quase obstinados), que definem como sentido de vida a cura dos seres humanos, observam os que estão sem sentido, sem propósito, sem futuro.
Não acredito que autonomia e sentido tragam automaticamente a felicidade ou nos protejam dos entreveros do viver. Nem ainda que estudar esses dois sábios nos leve automaticamente para o espaço iluminado do autoconhecimento, até porque muitos dos que estão na loucura os estudaram. A operação é um pouco diferente.
Acredito que experimentar, nas pequeninas coisas, novas alternativas de ação e convivência, pode nos levar para uma autonomia costurada em pequenos eventos, com a linha de um sentido fortalecido pelo viver. Acredito que podemos fazer em nosso microcosmo movimentos que incluam as pessoas em volta – e, quem sabe, quem sabe (agora sei que é sonho!), um dia dialogaremos com menos exasperação.
Aos Drs. Eric Berne e Victor Frankl, minhas reverências e agradecimentos. Com eles aprendo a reconhecer a beira do abismo e, quando estou bem perto de cair, busco pistas de cura nas palavras sábias dos dois, pistas para meu próprio resgate.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
<span class="abre-texto">Volta e meia, questiono a mim mesma</span> sobre meu propósito, minhas necessidades e expectativas, e sobre quem escolho, afinal de contas, para ser parceira na implacável passagem do tempo. Dois mestres me inspiram, psiquiatras humanistas, seres humanos muito atentos aos demais. São duas histórias quase paralelas que se desenrolam. Um nasce cinco anos antes do outro, vivem experiências simultâneas oriundas do mesmo flagelo, a segunda guerra mundial – em minúsculas mesmo!
Dr. Victor Emil Frankl e Dr. Eric Berne, um europeu, outro americano, marcam suas vidas com diferenças e semelhanças. O primeiro, Frankl, nasce e morre em Viena. Berne nasce em Montreal e morre na Califórnia. Frankl cria a Logoterapia (pensamento filosófico baseado na busca pelo sentido da vida) e a Análise Existencial. Berne estabelece a Análise Transacional (cujo pensamento filosófico orienta as intervenções para a autonomia) e a Psiquiatria Radical.
Durante a guerra, Eric Berne serve como major médico nas forças estadunidenses, longe da frente de batalha. Victor Frankl, também distante das batalhas, passa por experiências inimagináveis em quatro campos de concentração e extermínio, entre 1942 e 1945, incluindo os campos de Theresienstadt e Auschwitz, os mais cruéis.
Frankl aprende, por meio da atenção intensa, a construir dentro de si um espaço de liberdade. Ele cria para si um sentido – reencontrar sua mulher, e, mesmo nas condições extremas, mantém o pensamento focado nesse propósito. Ao escrever sobre esse momento da sua vida, ele afirma que tudo se pode tirar de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida.
Em sua observação, identificar e sustentar o sentido faz a diferença para dar forças de sobrevivência aos seres humanos com quem compartilha os anos de ignomínia. Ao final da guerra, com apenas vinte e cinco quilos, ele se liberta, e descobre que a esposa, os irmãos e o pai haviam sido assassinados pelos nazistas. Embora pudesse parecer natural que desistisse, os horrores por ele vividos não o afastam da consolidação da sua filosofia e da intervenção terapêutica da Logoterapia. Entender a linguagem do sofrimento, sobre a qual escreve com profundidade, o leva a desenvolver uma intervenção potente e profundamente respeitosa, focada em apoiar as pessoas a encontrar o seu sentido de vida.
Neste ponto da jornada, entendo o diálogo entre os dois como fundamental. Berne vê a cura como a obtenção da autonomia e percebe que obtê-la não é algo tão simples. Muito do que parece autônomo é a repetição automática dos padrões programados na infância. Ao atender soldados que partem e voltam da guerra, ele percebe de perto o quanto estar escravizado ao passado aumenta a intensidade dos danos e esvazia a energia necessária para a cura.
Penso em uma conexão poderosa entre os dois pensamentos: para identificar meu propósito, preciso da autonomia. Vejo a conquista da autonomia como parte fundamental da identificação e assunção do sentido. O primeiro passo, portanto, é a expansão da consciência.
Quem sou eu? O que quero ou não, o que preciso ou não, o que sinto ou não. Reduzir a força desses padrões do passado pode deslocar essa força para pensar criativamente no futuro. Contudo, escrever ou falar a respeito é simples quando comparado ao fazer. Escapar dos padrões é um ato complexo.
Saudáveis ou danosos, os padrões nos oferecem uma razoável estabilidade. Isso faz um bem danado. Conhecer tais padrões pode ser uma atividade nada confortável, com um ganho especial ao final. A possibilidade de começar a experimentar pensamentos mais lúcidos, decisões menos automáticas e contato com os próprios desejos e necessidades se abre. Na jornada, outros experimentos são constituintes. Relacionamentos autênticos são um deles.
Ao me conhecer, desenvolvo uma gramática que me permite olhar para o outro, e me abrir para o movimento de conhecer o outro. Penso que definir um propósito pode ser libertador, e se alcança como consequência da conquista da autonomia. Senão, defenderei a bandeira do meu sentido estampada com o sentido alheio. Com o acesso vedado ao meu próprio sentido, defenderei até a morte aquele que me controla.
Imagino o olhar de Frankl e Berne para os humanos perdidos neste bate-cabeça interminável, nesta cabra-cega universal, de crianças adoecidas que estão abrigadas em corpos adultos. Ambos, estudiosos determinados (quase obstinados), que definem como sentido de vida a cura dos seres humanos, observam os que estão sem sentido, sem propósito, sem futuro.
Não acredito que autonomia e sentido tragam automaticamente a felicidade ou nos protejam dos entreveros do viver. Nem ainda que estudar esses dois sábios nos leve automaticamente para o espaço iluminado do autoconhecimento, até porque muitos dos que estão na loucura os estudaram. A operação é um pouco diferente.
Acredito que experimentar, nas pequeninas coisas, novas alternativas de ação e convivência, pode nos levar para uma autonomia costurada em pequenos eventos, com a linha de um sentido fortalecido pelo viver. Acredito que podemos fazer em nosso microcosmo movimentos que incluam as pessoas em volta – e, quem sabe, quem sabe (agora sei que é sonho!), um dia dialogaremos com menos exasperação.
Aos Drs. Eric Berne e Victor Frankl, minhas reverências e agradecimentos. Com eles aprendo a reconhecer a beira do abismo e, quando estou bem perto de cair, busco pistas de cura nas palavras sábias dos dois, pistas para meu próprio resgate.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.