Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Feridas emocionais podem afetar saúde mental e bem-estar

Sentimentos mal resolvidos podem prejudicar o bem-estar e a saúde mental.Sentimentos mal resolvidos podem prejudicar o bem-estar e a saúde mental.
Claudia Wolff
/
Unsplash

Uma noite aparentemente tranquila, com potencial de aproveitamento total para o descanso e reposição de energia, de repente é interrompida por um pesadelo. Um pesadelo envolvendo pessoas, sentimentos, situações de anos atrás, deveria ficar lá, quando ocorreu, volta com tanta força, que o sono vai embora.

Ter falado nas pessoas, dias antes, possivelmente ativou áreas do meu cérebro, que fez com que essas memórias invadissem um momento tão precioso, meu sono sagrado. Quem me conhece, sabe que amo dormir e ter uma boa noite de sono é imprescindível para o meu dia fluir. 

Passei o dia reflexiva sobre isso. Como algo que aconteceu há tanto tempo pode ainda me assombrar com tanta potência. Foi uma experiência de vida realmente impactante, um Burnout.

Segundo o Ministério da Saúde, “Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho”.

Eu estava em um ambiente tóxico para mim. Vivia relacionamentos onde eu não tinha espaço para ser eu mesma. Cheguei em um patamar profissional onde eu estava sendo reconhecida por ter ocupado o meu espaço, por ter aproveitado as oportunidades e por todo investimento em desenvolvimento pessoal que fiz por anos. Isso gerou desconforto em várias pessoas e de fato eu não soube lidar com tudo aquilo de uma maneira assertiva. Esse desconforto virou competição, em todos os lados, inclusive nas minhas atitudes.

Me sentia tão ameaçada que a todo momento eu estava competindo atenção, espaço e querendo agradar a todos. Agradar a todos era impossível e aos poucos tudo aquilo foi me matando por dentro.

Naquela época tive um aborto e é impossível eu não fazer correlação com o que estava vivendo e talvez eu estava de fato morrendo aos poucos. Eu ia para casa todos os dias chorando, tentava me distrair com atividades individuais para não ter que interagir com as pessoas, o horário do almoço era um verdadeiro caos interno, sempre buscando pessoas com quem me sentia segura (e nem sempre elas estavam disponíveis).

Tenho certeza que o relato das outras pessoas que fizeram parte destes eventos seria completamente diferente do meu. Por isso reforço, aquele era um ambiente tóxico para mim.

Ao ser acordada com um pesadelo que me arremessou àquela época, naqueles dias, vivi novamente várias emoções, difíceis de sentir. Percebo que ainda não estou pronta para resolver todas essas emoções e sentimentos e vou precisar respeitar meu tempo. Ainda me sinto machucada quando lembro de tudo, mesmo sabendo que parte do que ocorreu dizia mais sobre as outras pessoas do que sobre mim. Mas se encostou em mim, se doeu, parte disso me pertence.

Compartilhei com vocês uma situação pessoal de esgotamento profissional, do quanto eu não soube colocar limites naquela época e do quanto isso ainda tem potência de dor.  E minha intenção aqui é de alguma maneira contribuir com o meu aprendizado de vida.

Um ambiente tóxico, não necessariamente será percebido como tal por todos. Cada um reage a relacionamentos tóxicos de maneiras diferentes. Mas se eu continuo permitindo que isso me afete, isso é responsabilidade minha e não do outro.

Por isso, do meu ponto de vista, é tão importante dedicarmos tempo e atenção aos relacionamentos no ambiente de trabalho. É possível construir relações cooperativas, ambientes leves, isso possibilitará que as pessoas dediquem mais tempo dando o seu melhor, usando o seu potencial máximo, ao invés de usar o tempo para resolver questões do relacionamento. 

Talvez a gente não de conta de lidar com tudo isso sozinhos e precisemos de ajuda (eu precisei e fui atrás), talvez a gente não precise continuar em ambientes que nos fazem mal, mas precisamos entender o que faz agirmos como agimos e atitudes doerem como doem, somente assim, teremos possibilidade de mudar de ambiente sem levar essas dificuldades e dores conosco. Na época, eu dei conta de mudar de ambiente e aprender com os outros desafios relacionais que se apresentaram para mim, mas certamente algo daquela época, ainda dói. Tenho convicção que em algum momento darei conta de resolver dentro de mim parte dessas feridas, mas tomar consciência disso tudo me ajuda a dormir novamente, sem que este pesadelo atrapalhe meu momento sagrado.

Última atualização
25/5/2024 12:17
Carolina Schmitz da Silva
Head Administrativo no Instituto MIR. Mentora Integrativa Relacional Educadora e Supervisora, Analista Transacional Certificada para as áreas organizacional e educacional e Membro Didata em formação– UNAT Brasil, Psicóloga CRP 08/14963, especialista em desenvolvimento organizacional e gestão de pessoas. Pesquisadora do comportamento humano, autora de artigos/livro publicados sobre o tema.

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Redação Cidade Capital
13/9/2024 11:00

O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

Redação Cidade Capital
13/9/2024 9:53

Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.

Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.

Opinião

Feridas emocionais podem afetar saúde mental e bem-estar

Sentimentos mal resolvidos podem prejudicar o bem-estar e a saúde mental.Sentimentos mal resolvidos podem prejudicar o bem-estar e a saúde mental.
Claudia Wolff
/
Unsplash
Carolina Schmitz da Silva
Head Administrativo no Instituto MIR. Mentora Integrativa Relacional Educadora e Supervisora, Analista Transacional Certificada para as áreas organizacional e educacional e Membro Didata em formação– UNAT Brasil, Psicóloga CRP 08/14963, especialista em desenvolvimento organizacional e gestão de pessoas. Pesquisadora do comportamento humano, autora de artigos/livro publicados sobre o tema.

Uma noite aparentemente tranquila, com potencial de aproveitamento total para o descanso e reposição de energia, de repente é interrompida por um pesadelo. Um pesadelo envolvendo pessoas, sentimentos, situações de anos atrás, deveria ficar lá, quando ocorreu, volta com tanta força, que o sono vai embora.

Ter falado nas pessoas, dias antes, possivelmente ativou áreas do meu cérebro, que fez com que essas memórias invadissem um momento tão precioso, meu sono sagrado. Quem me conhece, sabe que amo dormir e ter uma boa noite de sono é imprescindível para o meu dia fluir. 

Passei o dia reflexiva sobre isso. Como algo que aconteceu há tanto tempo pode ainda me assombrar com tanta potência. Foi uma experiência de vida realmente impactante, um Burnout.

Segundo o Ministério da Saúde, “Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho”.

Eu estava em um ambiente tóxico para mim. Vivia relacionamentos onde eu não tinha espaço para ser eu mesma. Cheguei em um patamar profissional onde eu estava sendo reconhecida por ter ocupado o meu espaço, por ter aproveitado as oportunidades e por todo investimento em desenvolvimento pessoal que fiz por anos. Isso gerou desconforto em várias pessoas e de fato eu não soube lidar com tudo aquilo de uma maneira assertiva. Esse desconforto virou competição, em todos os lados, inclusive nas minhas atitudes.

Me sentia tão ameaçada que a todo momento eu estava competindo atenção, espaço e querendo agradar a todos. Agradar a todos era impossível e aos poucos tudo aquilo foi me matando por dentro.

Naquela época tive um aborto e é impossível eu não fazer correlação com o que estava vivendo e talvez eu estava de fato morrendo aos poucos. Eu ia para casa todos os dias chorando, tentava me distrair com atividades individuais para não ter que interagir com as pessoas, o horário do almoço era um verdadeiro caos interno, sempre buscando pessoas com quem me sentia segura (e nem sempre elas estavam disponíveis).

Tenho certeza que o relato das outras pessoas que fizeram parte destes eventos seria completamente diferente do meu. Por isso reforço, aquele era um ambiente tóxico para mim.

Ao ser acordada com um pesadelo que me arremessou àquela época, naqueles dias, vivi novamente várias emoções, difíceis de sentir. Percebo que ainda não estou pronta para resolver todas essas emoções e sentimentos e vou precisar respeitar meu tempo. Ainda me sinto machucada quando lembro de tudo, mesmo sabendo que parte do que ocorreu dizia mais sobre as outras pessoas do que sobre mim. Mas se encostou em mim, se doeu, parte disso me pertence.

Compartilhei com vocês uma situação pessoal de esgotamento profissional, do quanto eu não soube colocar limites naquela época e do quanto isso ainda tem potência de dor.  E minha intenção aqui é de alguma maneira contribuir com o meu aprendizado de vida.

Um ambiente tóxico, não necessariamente será percebido como tal por todos. Cada um reage a relacionamentos tóxicos de maneiras diferentes. Mas se eu continuo permitindo que isso me afete, isso é responsabilidade minha e não do outro.

Por isso, do meu ponto de vista, é tão importante dedicarmos tempo e atenção aos relacionamentos no ambiente de trabalho. É possível construir relações cooperativas, ambientes leves, isso possibilitará que as pessoas dediquem mais tempo dando o seu melhor, usando o seu potencial máximo, ao invés de usar o tempo para resolver questões do relacionamento. 

Talvez a gente não de conta de lidar com tudo isso sozinhos e precisemos de ajuda (eu precisei e fui atrás), talvez a gente não precise continuar em ambientes que nos fazem mal, mas precisamos entender o que faz agirmos como agimos e atitudes doerem como doem, somente assim, teremos possibilidade de mudar de ambiente sem levar essas dificuldades e dores conosco. Na época, eu dei conta de mudar de ambiente e aprender com os outros desafios relacionais que se apresentaram para mim, mas certamente algo daquela época, ainda dói. Tenho convicção que em algum momento darei conta de resolver dentro de mim parte dessas feridas, mas tomar consciência disso tudo me ajuda a dormir novamente, sem que este pesadelo atrapalhe meu momento sagrado.

Carolina Schmitz da Silva
Head Administrativo no Instituto MIR. Mentora Integrativa Relacional Educadora e Supervisora, Analista Transacional Certificada para as áreas organizacional e educacional e Membro Didata em formação– UNAT Brasil, Psicóloga CRP 08/14963, especialista em desenvolvimento organizacional e gestão de pessoas. Pesquisadora do comportamento humano, autora de artigos/livro publicados sobre o tema.
Última atualização
25/5/2024 12:17

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Redação Cidade Capital
13/9/2024 11:00

O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

Redação Cidade Capital
13/9/2024 9:53

Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.

Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.