<span class="abre-texto">Cada abandono gera trauma e dívida</span>. O abandonado lidará com esta dor, que, não tratada, poderá acompanhá-lo pela jornada inteira da vida. Aquele que abandona adquire uma dívida, que mesmo negada, lá estará, acumulando-se em pilhas e pilhas de afeto negado, cuidado negado, segurança negada, estímulo negado, validação negada. Diferentes dimensões da inadimplência emocional.
Quero dialogar a respeito do abandono parental, mas qualquer abandono tem potencial gerador de dor e dívida. Ou seja, em qualquer época será muito duro lidar com abandono, mas nada será comparado com o dano causado a uma criança quando é abandonada pelos seus genitores ou cuidadores.
Na infância, a pessoa estrutura a base dos seus comportamentos, pensamentos e crenças. Nesta etapa, a pessoa faz seus primeiros experimentos com emoções e relacionamentos. São experiências fundamentais para um desenvolvimento pleno e essenciais para as demais etapas da vida.
Esta etapa, de certa maneira, gera padrões que serão repetidos na medida em que a criança cresce e também no quanto terá repertório para um viver pleno. Padrões e repertórios são constituídos com a mediação amorosa e cuidadosa de um adulto. Portanto, o dano causado pelo abandono é vasto e extensivo, partindo dos aspectos da sobrevivência prática e alcançando horizontes no futuro, que podem gerar inadequações, baixa autoestima, falta de confiança, desesperança.
Um complicador neste doloroso fenômeno é que a criança se responsabiliza pelo “desaparecimento” do(a) genitor(a). Traz para si a incompetência, a ausência de razões ou motivos para que aquele ser humano se mantenha na função de cuidado, estímulo e estrutura.
Muitas vezes, na idade adulta, a pessoa lida com questões de pertencimento, autoestima, confiança nas pessoas, uma busca incessante de uma perfeição idealizada e isolamento emocional.
Muitos destes sintomas podem ter sido gerados a partir do abandono. A identificação desta relação de causa e efeito é complicada pelo bloqueio defensivo da memória e a dissociação em relação a este evento doloroso. Algo que é muito comum nos relatos destas pessoas é a dificuldade efetiva de ligar passado e presente, eventos do passado gerando consequências no presente.
Curiosamente, mais uma vez, a pessoa traz para si a responsabilidade das dificuldades no presente, acreditando que tem defeitos na personalidade que precisam de “correção”, pois a obrigam a ações, relacionamentos e comportamentos inadequados. Muitas vezes, esta culpa sempre presente vem acompanhada da desesperança e da desconfiança nos relacionamentos, mesmo os mais próximos, a respeito dos quais há uma sólida crença negativa.
O abandono pode ser afetivo, material ou intelectual. Ou os três simultâneos. No abandono afetivo, são negados cuidado e responsabilidade. A criança é tratada como incômodo ou com indiferença. A expressão deste abandono se dá por atos (ausência de cuidados básicos), palavras ofensivas e abrasivas ou pela ausência de contato. A criança faz tentativas de se fazer percebida, em um espectro que vai da total inércia e submissão até a comportamentos violentos e delinquentes, passando por uma superadaptação às pessoas e circunstâncias.
Quando os responsáveis pela criança deixam de cumprir as responsabilidades de provedores, desviando para objetivos narcísicos os recursos destinados à sobrevivência da criança, há o abandono material.
A criança, muitas vezes em idade que ainda não compreende causa-consequência, se vê quase transparente e totalmente sem importância naquela comunidade familiar. Mais uma vez, comportamentos de sobrevivência se instalam, dentre outros, o medo continuado da escassez que reverbera através da jornada daquela pessoa.
O abandono intelectual se caracteriza pelo desinteresse em orientar a criança, estimular sua capacidade de pensar e de aprender, desprezando o vínculo com a escola ou qualquer outra fonte de aprendizado. Uma espécie de maldição de longo alcance, este abandono vai, aos poucos, podando as oportunidades de desenvolvimento da criança e alcança o adulto através de estratégias sofisticadas para suportar a sensação continuada de inferioridade.
Todos e cada um dos abandonos assinalam feridas emocionais profundas na criança, afetando as futuras conexões com outras pessoas através da dificuldade de estabelecimento de relacionamentos saudáveis. A tristeza desta consequência é resumida em uma frase: por não ter recebido amor e cuidado, não teve oportunidade de aprender a cuidar e amar.
O que pode mitigar a força deste trauma são: cuidados recebidos por um adulto com disponibilidade de cuidado e amor incondicional, paciência para entender os comportamentos da criança e suas dificuldades de expressar emoções, a qualificação dos pedidos de socorro, diálogo respeitoso e construção continuada de confiança.
Nos adultos que abrigam crianças feridas, cuidar desta criança é a saída. Identificar uma escuta generosa que permita entender e tomar novas decisões pode ser uma saída curativa.
Experimentar fornecer amor, cuidado e presença pode gerar a formação de repertórios de amor, cuidado e presença, restabelecendo a esperança e a confiança.
O amor pragmático e deliberado é curativo. Em qualquer momento da jornada!
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
<span class="abre-texto">Cada abandono gera trauma e dívida</span>. O abandonado lidará com esta dor, que, não tratada, poderá acompanhá-lo pela jornada inteira da vida. Aquele que abandona adquire uma dívida, que mesmo negada, lá estará, acumulando-se em pilhas e pilhas de afeto negado, cuidado negado, segurança negada, estímulo negado, validação negada. Diferentes dimensões da inadimplência emocional.
Quero dialogar a respeito do abandono parental, mas qualquer abandono tem potencial gerador de dor e dívida. Ou seja, em qualquer época será muito duro lidar com abandono, mas nada será comparado com o dano causado a uma criança quando é abandonada pelos seus genitores ou cuidadores.
Na infância, a pessoa estrutura a base dos seus comportamentos, pensamentos e crenças. Nesta etapa, a pessoa faz seus primeiros experimentos com emoções e relacionamentos. São experiências fundamentais para um desenvolvimento pleno e essenciais para as demais etapas da vida.
Esta etapa, de certa maneira, gera padrões que serão repetidos na medida em que a criança cresce e também no quanto terá repertório para um viver pleno. Padrões e repertórios são constituídos com a mediação amorosa e cuidadosa de um adulto. Portanto, o dano causado pelo abandono é vasto e extensivo, partindo dos aspectos da sobrevivência prática e alcançando horizontes no futuro, que podem gerar inadequações, baixa autoestima, falta de confiança, desesperança.
Um complicador neste doloroso fenômeno é que a criança se responsabiliza pelo “desaparecimento” do(a) genitor(a). Traz para si a incompetência, a ausência de razões ou motivos para que aquele ser humano se mantenha na função de cuidado, estímulo e estrutura.
Muitas vezes, na idade adulta, a pessoa lida com questões de pertencimento, autoestima, confiança nas pessoas, uma busca incessante de uma perfeição idealizada e isolamento emocional.
Muitos destes sintomas podem ter sido gerados a partir do abandono. A identificação desta relação de causa e efeito é complicada pelo bloqueio defensivo da memória e a dissociação em relação a este evento doloroso. Algo que é muito comum nos relatos destas pessoas é a dificuldade efetiva de ligar passado e presente, eventos do passado gerando consequências no presente.
Curiosamente, mais uma vez, a pessoa traz para si a responsabilidade das dificuldades no presente, acreditando que tem defeitos na personalidade que precisam de “correção”, pois a obrigam a ações, relacionamentos e comportamentos inadequados. Muitas vezes, esta culpa sempre presente vem acompanhada da desesperança e da desconfiança nos relacionamentos, mesmo os mais próximos, a respeito dos quais há uma sólida crença negativa.
O abandono pode ser afetivo, material ou intelectual. Ou os três simultâneos. No abandono afetivo, são negados cuidado e responsabilidade. A criança é tratada como incômodo ou com indiferença. A expressão deste abandono se dá por atos (ausência de cuidados básicos), palavras ofensivas e abrasivas ou pela ausência de contato. A criança faz tentativas de se fazer percebida, em um espectro que vai da total inércia e submissão até a comportamentos violentos e delinquentes, passando por uma superadaptação às pessoas e circunstâncias.
Quando os responsáveis pela criança deixam de cumprir as responsabilidades de provedores, desviando para objetivos narcísicos os recursos destinados à sobrevivência da criança, há o abandono material.
A criança, muitas vezes em idade que ainda não compreende causa-consequência, se vê quase transparente e totalmente sem importância naquela comunidade familiar. Mais uma vez, comportamentos de sobrevivência se instalam, dentre outros, o medo continuado da escassez que reverbera através da jornada daquela pessoa.
O abandono intelectual se caracteriza pelo desinteresse em orientar a criança, estimular sua capacidade de pensar e de aprender, desprezando o vínculo com a escola ou qualquer outra fonte de aprendizado. Uma espécie de maldição de longo alcance, este abandono vai, aos poucos, podando as oportunidades de desenvolvimento da criança e alcança o adulto através de estratégias sofisticadas para suportar a sensação continuada de inferioridade.
Todos e cada um dos abandonos assinalam feridas emocionais profundas na criança, afetando as futuras conexões com outras pessoas através da dificuldade de estabelecimento de relacionamentos saudáveis. A tristeza desta consequência é resumida em uma frase: por não ter recebido amor e cuidado, não teve oportunidade de aprender a cuidar e amar.
O que pode mitigar a força deste trauma são: cuidados recebidos por um adulto com disponibilidade de cuidado e amor incondicional, paciência para entender os comportamentos da criança e suas dificuldades de expressar emoções, a qualificação dos pedidos de socorro, diálogo respeitoso e construção continuada de confiança.
Nos adultos que abrigam crianças feridas, cuidar desta criança é a saída. Identificar uma escuta generosa que permita entender e tomar novas decisões pode ser uma saída curativa.
Experimentar fornecer amor, cuidado e presença pode gerar a formação de repertórios de amor, cuidado e presença, restabelecendo a esperança e a confiança.
O amor pragmático e deliberado é curativo. Em qualquer momento da jornada!
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.