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Opinião

Envelhecer com sabedoria: lições de quase setenta anos de vida

Reflexões sobre envelhecer, a passagem do tempo e a importância de viver intensamente.Reflexões sobre envelhecer, a passagem do tempo e a importância de viver intensamente.
Bianca Stella
/
Adobe Firefly
Jane Hir

<span class="abre-texto">Quase setenta anos, </span> e passou tão depressa!  

Até pouco tempo atrás, quando me olhava no espelho, parecia ver o rosto de minha mãe. Isso me confundia. Sentia um certo desconforto, às vezes. Os cabelos brancos me recordavam os caminhos já trilhados, as tantas dores, o desafio contínuo de viver.  

No entanto, essa imagem acendia no meu peito uma certa urgência de viver. Ela acordava em mim uma criança plena de vida que desejava partilhar o que tinha aprendido. É certo que a vida sempre foi intensa para mim, mas a última década me trouxera tantas descobertas que me parecia quase impossível morrer agora.  

Isso não tinha nenhuma lógica. Mas era como se eu estivesse comprometida em devolver a todos aqueles com quem convivo a amplidão que se inaugura a cada manhã, quando entro em contato com o milagre cotidiano de existir. Havia tanta beleza recém-encontrada que eu tinha a pretensão de me sentir eterna.  

A vida nos traz exatamente o que precisamos.

E, para quebrar o delírio de eternidade, a própria natureza entra em cena: um cansaço maior ao subir as escadas, uma pressão no peito e o acelerado bater do coração me exigem o cuidado médico.  

Sim, não sou eterna e o meu tempo, apesar dos prognósticos de aumento da expectativa de vida, a cada dia diminui (e isso não é um privilégio meu). No entanto, a idade que tenho reduz, consideravelmente, o número de aniversários a festejar.  

O diagnóstico médico não indica morte próxima, contudo, me conduz à dimensão exata da existência humana: uma experiência fantástica, mas breve. Um ruflar de asas enfrentando tempestades na amplidão azul. Um grito que ecoa em diversas gradações de canto, pranto e espanto. Uma ponte que une vida e morte.  

Olho no espelho e vejo uma mulher de quase setenta anos. Ela me lembra a minha mãe. Mas não é ela. Sou eu.  

Eu sou a menina magricela e feia que sonhava com as histórias dos livros. Eu sou a mulher que buscou a escola já adulta para realizar seus sonhos. Eu sou a gata borralheira que desconstruiu o príncipe encantado para poder amar o homem real. Eu sou a mãe que errou muitas vezes, mas que nunca desistiu de tentar ser melhor. Eu sou a amiga, nem sempre presente, mas que honrou a amizade. Eu sou a professora que sempre buscou despertar o Ser Mais em cada aprendiz.  

Eu fui o melhor que pude ser. Eu sou o melhor que posso ser.  

Essa certeza me envolve como um manto suave. Sim, quero continuar partilhando o que tenho aprendido. Mas não quero mais a urgência nem a pressa. Antes, quero a presença, o mergulho no aqui e agora.  

A vida tem sido generosa comigo e, em troca, quero me dar inteira!

Última atualização
17/8/2024 7:00
Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira. 

Opinião

Envelhecer com sabedoria: lições de quase setenta anos de vida

Reflexões sobre envelhecer, a passagem do tempo e a importância de viver intensamente.Reflexões sobre envelhecer, a passagem do tempo e a importância de viver intensamente.
Bianca Stella
/
Adobe Firefly
Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).
16/8/2024 22:44
Jane Hir

<span class="abre-texto">Quase setenta anos, </span> e passou tão depressa!  

Até pouco tempo atrás, quando me olhava no espelho, parecia ver o rosto de minha mãe. Isso me confundia. Sentia um certo desconforto, às vezes. Os cabelos brancos me recordavam os caminhos já trilhados, as tantas dores, o desafio contínuo de viver.  

No entanto, essa imagem acendia no meu peito uma certa urgência de viver. Ela acordava em mim uma criança plena de vida que desejava partilhar o que tinha aprendido. É certo que a vida sempre foi intensa para mim, mas a última década me trouxera tantas descobertas que me parecia quase impossível morrer agora.  

Isso não tinha nenhuma lógica. Mas era como se eu estivesse comprometida em devolver a todos aqueles com quem convivo a amplidão que se inaugura a cada manhã, quando entro em contato com o milagre cotidiano de existir. Havia tanta beleza recém-encontrada que eu tinha a pretensão de me sentir eterna.  

A vida nos traz exatamente o que precisamos.

E, para quebrar o delírio de eternidade, a própria natureza entra em cena: um cansaço maior ao subir as escadas, uma pressão no peito e o acelerado bater do coração me exigem o cuidado médico.  

Sim, não sou eterna e o meu tempo, apesar dos prognósticos de aumento da expectativa de vida, a cada dia diminui (e isso não é um privilégio meu). No entanto, a idade que tenho reduz, consideravelmente, o número de aniversários a festejar.  

O diagnóstico médico não indica morte próxima, contudo, me conduz à dimensão exata da existência humana: uma experiência fantástica, mas breve. Um ruflar de asas enfrentando tempestades na amplidão azul. Um grito que ecoa em diversas gradações de canto, pranto e espanto. Uma ponte que une vida e morte.  

Olho no espelho e vejo uma mulher de quase setenta anos. Ela me lembra a minha mãe. Mas não é ela. Sou eu.  

Eu sou a menina magricela e feia que sonhava com as histórias dos livros. Eu sou a mulher que buscou a escola já adulta para realizar seus sonhos. Eu sou a gata borralheira que desconstruiu o príncipe encantado para poder amar o homem real. Eu sou a mãe que errou muitas vezes, mas que nunca desistiu de tentar ser melhor. Eu sou a amiga, nem sempre presente, mas que honrou a amizade. Eu sou a professora que sempre buscou despertar o Ser Mais em cada aprendiz.  

Eu fui o melhor que pude ser. Eu sou o melhor que posso ser.  

Essa certeza me envolve como um manto suave. Sim, quero continuar partilhando o que tenho aprendido. Mas não quero mais a urgência nem a pressa. Antes, quero a presença, o mergulho no aqui e agora.  

A vida tem sido generosa comigo e, em troca, quero me dar inteira!

Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).
Última atualização
17/8/2024 7:00

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.