<span class="abre-texto">Quase setenta anos, </span> e passou tão depressa!
Até pouco tempo atrás, quando me olhava no espelho, parecia ver o rosto de minha mãe. Isso me confundia. Sentia um certo desconforto, às vezes. Os cabelos brancos me recordavam os caminhos já trilhados, as tantas dores, o desafio contínuo de viver.
No entanto, essa imagem acendia no meu peito uma certa urgência de viver. Ela acordava em mim uma criança plena de vida que desejava partilhar o que tinha aprendido. É certo que a vida sempre foi intensa para mim, mas a última década me trouxera tantas descobertas que me parecia quase impossível morrer agora.
Isso não tinha nenhuma lógica. Mas era como se eu estivesse comprometida em devolver a todos aqueles com quem convivo a amplidão que se inaugura a cada manhã, quando entro em contato com o milagre cotidiano de existir. Havia tanta beleza recém-encontrada que eu tinha a pretensão de me sentir eterna.
A vida nos traz exatamente o que precisamos.
E, para quebrar o delírio de eternidade, a própria natureza entra em cena: um cansaço maior ao subir as escadas, uma pressão no peito e o acelerado bater do coração me exigem o cuidado médico.
Sim, não sou eterna e o meu tempo, apesar dos prognósticos de aumento da expectativa de vida, a cada dia diminui (e isso não é um privilégio meu). No entanto, a idade que tenho reduz, consideravelmente, o número de aniversários a festejar.
O diagnóstico médico não indica morte próxima, contudo, me conduz à dimensão exata da existência humana: uma experiência fantástica, mas breve. Um ruflar de asas enfrentando tempestades na amplidão azul. Um grito que ecoa em diversas gradações de canto, pranto e espanto. Uma ponte que une vida e morte.
Olho no espelho e vejo uma mulher de quase setenta anos. Ela me lembra a minha mãe. Mas não é ela. Sou eu.
Eu sou a menina magricela e feia que sonhava com as histórias dos livros. Eu sou a mulher que buscou a escola já adulta para realizar seus sonhos. Eu sou a gata borralheira que desconstruiu o príncipe encantado para poder amar o homem real. Eu sou a mãe que errou muitas vezes, mas que nunca desistiu de tentar ser melhor. Eu sou a amiga, nem sempre presente, mas que honrou a amizade. Eu sou a professora que sempre buscou despertar o Ser Mais em cada aprendiz.
Eu fui o melhor que pude ser. Eu sou o melhor que posso ser.
Essa certeza me envolve como um manto suave. Sim, quero continuar partilhando o que tenho aprendido. Mas não quero mais a urgência nem a pressa. Antes, quero a presença, o mergulho no aqui e agora.
A vida tem sido generosa comigo e, em troca, quero me dar inteira!
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
<span class="abre-texto">Quase setenta anos, </span> e passou tão depressa!
Até pouco tempo atrás, quando me olhava no espelho, parecia ver o rosto de minha mãe. Isso me confundia. Sentia um certo desconforto, às vezes. Os cabelos brancos me recordavam os caminhos já trilhados, as tantas dores, o desafio contínuo de viver.
No entanto, essa imagem acendia no meu peito uma certa urgência de viver. Ela acordava em mim uma criança plena de vida que desejava partilhar o que tinha aprendido. É certo que a vida sempre foi intensa para mim, mas a última década me trouxera tantas descobertas que me parecia quase impossível morrer agora.
Isso não tinha nenhuma lógica. Mas era como se eu estivesse comprometida em devolver a todos aqueles com quem convivo a amplidão que se inaugura a cada manhã, quando entro em contato com o milagre cotidiano de existir. Havia tanta beleza recém-encontrada que eu tinha a pretensão de me sentir eterna.
A vida nos traz exatamente o que precisamos.
E, para quebrar o delírio de eternidade, a própria natureza entra em cena: um cansaço maior ao subir as escadas, uma pressão no peito e o acelerado bater do coração me exigem o cuidado médico.
Sim, não sou eterna e o meu tempo, apesar dos prognósticos de aumento da expectativa de vida, a cada dia diminui (e isso não é um privilégio meu). No entanto, a idade que tenho reduz, consideravelmente, o número de aniversários a festejar.
O diagnóstico médico não indica morte próxima, contudo, me conduz à dimensão exata da existência humana: uma experiência fantástica, mas breve. Um ruflar de asas enfrentando tempestades na amplidão azul. Um grito que ecoa em diversas gradações de canto, pranto e espanto. Uma ponte que une vida e morte.
Olho no espelho e vejo uma mulher de quase setenta anos. Ela me lembra a minha mãe. Mas não é ela. Sou eu.
Eu sou a menina magricela e feia que sonhava com as histórias dos livros. Eu sou a mulher que buscou a escola já adulta para realizar seus sonhos. Eu sou a gata borralheira que desconstruiu o príncipe encantado para poder amar o homem real. Eu sou a mãe que errou muitas vezes, mas que nunca desistiu de tentar ser melhor. Eu sou a amiga, nem sempre presente, mas que honrou a amizade. Eu sou a professora que sempre buscou despertar o Ser Mais em cada aprendiz.
Eu fui o melhor que pude ser. Eu sou o melhor que posso ser.
Essa certeza me envolve como um manto suave. Sim, quero continuar partilhando o que tenho aprendido. Mas não quero mais a urgência nem a pressa. Antes, quero a presença, o mergulho no aqui e agora.
A vida tem sido generosa comigo e, em troca, quero me dar inteira!
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.