<span class="abre-texto">A mentira que mata.</span> Ao longo desta semana, mais de uma vez, este tema esteve presente nas minhas reflexões, de muitas e tantas maneiras. A minha criança interior, que aprecia um pensamento mágico, sussurra neste momento: parece que seu pensamento magnetiza a realidade, e eventos engatilhados por mentiras são apresentados publicamente.
Em um momento como notícia, em outro como reflexão filosófica, em alguns para alongar a rede com mais mentiras.
As mentiras são, deliberadas ou não, estratégias eficazes de manipulação e controle.
O mentiroso controla o crédulo, que por medo, crença de menos valia, ou por não ter sido ensinado a questionar e a pensar, não confronta o dito com os fatos.
As mentiras vão engendrando realidades paralelas com tal intensidade que passam a compor o quadro de referência do crédulo como tijolos sólidos de realidade palpável. Como fantoches, as pessoas controladas pelas mentiras passam a executar manobras definidas pelo mentiroso. Este se coloca em um patamar de superioridade, dali conduzindo pensamentos, sentimentos, comportamentos e decisões de grupos e pessoas.
As mentiras vão aos poucos retirando dos crédulos a capacidade de pensar por si mesmos e, ato contínuo, passam a mentira adiante, replicando canhestramente a ação do poderoso, criando sua própria claque de subcrédulos e, assim, podemos ver plantações-pirâmides de ficções habilmente construídas para tomar de assalto mentes e consciências.
Aos poucos, submissas às ordens emanadas, as pessoas com os pensamentos desorganizados perdem a capacidade de entender e gerir a própria vida. Mergulhados em insucessos e derrotas, são orientados a destinar a culpa a alguém – devidamente plantado em sua cabeça pelo controlador.
De assustar e gelar a base da coluna vertebral quando, saindo dos conceitos, vemos a realidade espelhar este sofisticado balé de poder. Nesta semana, partilhando o espanto de uma notícia com um amigo irmão de alma, vemos este roteiro, detalhe por detalhe, se apresentar.
Um jovem agricultor foi julgado e condenado a 51 anos de reclusão por ter assassinado duas pessoas e tentado matar outras tantas. Com armas devidamente registradas, atingiu o pescoço de uma senhora e o abdômen de um homem, indignado pelo resultado da eleição. Dentro dos pensamentos desordenados do assassino, o novo gestor levaria o país à bancarrota, e ele perderia tudo: propriedade, animais, posses, carros etc. Não podendo suportar a comemoração “do outro lado”, reagiu utilizando suas armas devidamente registradas e fugiu.
A notícia por si só é horrorosa e me assusta, pois é a escalada previsível de uma manobra perigosíssima de poder, que por onde passa deixa um rastro de sangue e vísceras – manobra organizada para destruir o inimigo. Assassinar é método. Basta uma rápida espiada nos livros de história, e vemos se repetir a mesma sequência. Infelizmente, mesmo longe dos livros, pode-se ver acontecer em muitos lugares.
Em frente ao juiz, o assassino, filho, irmão, vizinho, conhecido de pessoas daquela pequena cidade, repete e repete que perdeu tudo “por culpa deste governo que está aí”. O operador de direito que toma seu testemunho, com habilidade e gentileza, o questiona se os atos cometidos por ele “talvez” tenham sido a causa das suas perdas.
Não, não! O assassino, enérgico e arrogante, faz algo que parece ficção científica – tenta convencer o promotor da sua ideia, faz campanha política, repete a sequência de mentiras cuidadosamente elaborada e infinitamente repetida.
É um caso dentro de muitos que surgem, ganham corpo, são disseminados e encontram acolhida, por mais estapafúrdio que seja, em muitas mentes. Mentiroso e crédulo compõem um sistema sofisticado. O mentiroso aposta na eficácia da sua mentira, considerando a confiança que gera. Constrói com acurácia cenas e argumentos que vão desmontando na pessoa o desejo de autonomamente buscar fatos, dados, evidências, outras ideias, outras falas. Pois o mentiroso articula, arquiteta e desenha deliberadamente razões e motivos para que uma pessoa ou um grupo de pessoas sejam os causadores de todas as dores e dificuldades do crédulo.
Já é complexo por si só, imagine se aquele que cria as realidades fictícias é uma pessoa de importância, uma figura parental parecida com aquelas a que o pequeno crédulo aprendeu a acreditar e obedecer.
Certo é que é bem complicado confrontar as mentiras. Pois em casos mais sofisticados supõe desnudar camadas, examinar cada fato e cuidar para que a contaminação da indignação não descarte a lucidez necessária para esta delicada tarefa.
A lucidez pode ser roubada do crédulo, sem que ele nem perceba – e em pouco tempo, assim como o jovem assassino, enxergará como verdade absoluta uma ficção cuidadosamente implantada no seu panorama mental.
Aquele que utiliza a mentira como manobra de poder sabe onde quer chegar, sabe o que quer obter, sabe os ganhos que quer amealhar. A legião de crédulos entrega sua vida (e a vida de outros) no altar destes Pinóquios perversos – que as utiliza, desgasta e descarta com desenvoltura.
Convidei meu amigo irmão para dialogarmos muito a respeito, pois sei que talvez tenhamos pouco a fazer de concreto. Mas precisamos fazer. Dentro da nossa estrutura mental, nas nossas comunidades – sem discurso, sem falas iradas – agindo. Com coerência e consistência. Muitas vezes, no mundo fictício apregoado, a vida de verdade parece pouco emocionante... mas é de verdade! É real.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
<span class="abre-texto">A mentira que mata.</span> Ao longo desta semana, mais de uma vez, este tema esteve presente nas minhas reflexões, de muitas e tantas maneiras. A minha criança interior, que aprecia um pensamento mágico, sussurra neste momento: parece que seu pensamento magnetiza a realidade, e eventos engatilhados por mentiras são apresentados publicamente.
Em um momento como notícia, em outro como reflexão filosófica, em alguns para alongar a rede com mais mentiras.
As mentiras são, deliberadas ou não, estratégias eficazes de manipulação e controle.
O mentiroso controla o crédulo, que por medo, crença de menos valia, ou por não ter sido ensinado a questionar e a pensar, não confronta o dito com os fatos.
As mentiras vão engendrando realidades paralelas com tal intensidade que passam a compor o quadro de referência do crédulo como tijolos sólidos de realidade palpável. Como fantoches, as pessoas controladas pelas mentiras passam a executar manobras definidas pelo mentiroso. Este se coloca em um patamar de superioridade, dali conduzindo pensamentos, sentimentos, comportamentos e decisões de grupos e pessoas.
As mentiras vão aos poucos retirando dos crédulos a capacidade de pensar por si mesmos e, ato contínuo, passam a mentira adiante, replicando canhestramente a ação do poderoso, criando sua própria claque de subcrédulos e, assim, podemos ver plantações-pirâmides de ficções habilmente construídas para tomar de assalto mentes e consciências.
Aos poucos, submissas às ordens emanadas, as pessoas com os pensamentos desorganizados perdem a capacidade de entender e gerir a própria vida. Mergulhados em insucessos e derrotas, são orientados a destinar a culpa a alguém – devidamente plantado em sua cabeça pelo controlador.
De assustar e gelar a base da coluna vertebral quando, saindo dos conceitos, vemos a realidade espelhar este sofisticado balé de poder. Nesta semana, partilhando o espanto de uma notícia com um amigo irmão de alma, vemos este roteiro, detalhe por detalhe, se apresentar.
Um jovem agricultor foi julgado e condenado a 51 anos de reclusão por ter assassinado duas pessoas e tentado matar outras tantas. Com armas devidamente registradas, atingiu o pescoço de uma senhora e o abdômen de um homem, indignado pelo resultado da eleição. Dentro dos pensamentos desordenados do assassino, o novo gestor levaria o país à bancarrota, e ele perderia tudo: propriedade, animais, posses, carros etc. Não podendo suportar a comemoração “do outro lado”, reagiu utilizando suas armas devidamente registradas e fugiu.
A notícia por si só é horrorosa e me assusta, pois é a escalada previsível de uma manobra perigosíssima de poder, que por onde passa deixa um rastro de sangue e vísceras – manobra organizada para destruir o inimigo. Assassinar é método. Basta uma rápida espiada nos livros de história, e vemos se repetir a mesma sequência. Infelizmente, mesmo longe dos livros, pode-se ver acontecer em muitos lugares.
Em frente ao juiz, o assassino, filho, irmão, vizinho, conhecido de pessoas daquela pequena cidade, repete e repete que perdeu tudo “por culpa deste governo que está aí”. O operador de direito que toma seu testemunho, com habilidade e gentileza, o questiona se os atos cometidos por ele “talvez” tenham sido a causa das suas perdas.
Não, não! O assassino, enérgico e arrogante, faz algo que parece ficção científica – tenta convencer o promotor da sua ideia, faz campanha política, repete a sequência de mentiras cuidadosamente elaborada e infinitamente repetida.
É um caso dentro de muitos que surgem, ganham corpo, são disseminados e encontram acolhida, por mais estapafúrdio que seja, em muitas mentes. Mentiroso e crédulo compõem um sistema sofisticado. O mentiroso aposta na eficácia da sua mentira, considerando a confiança que gera. Constrói com acurácia cenas e argumentos que vão desmontando na pessoa o desejo de autonomamente buscar fatos, dados, evidências, outras ideias, outras falas. Pois o mentiroso articula, arquiteta e desenha deliberadamente razões e motivos para que uma pessoa ou um grupo de pessoas sejam os causadores de todas as dores e dificuldades do crédulo.
Já é complexo por si só, imagine se aquele que cria as realidades fictícias é uma pessoa de importância, uma figura parental parecida com aquelas a que o pequeno crédulo aprendeu a acreditar e obedecer.
Certo é que é bem complicado confrontar as mentiras. Pois em casos mais sofisticados supõe desnudar camadas, examinar cada fato e cuidar para que a contaminação da indignação não descarte a lucidez necessária para esta delicada tarefa.
A lucidez pode ser roubada do crédulo, sem que ele nem perceba – e em pouco tempo, assim como o jovem assassino, enxergará como verdade absoluta uma ficção cuidadosamente implantada no seu panorama mental.
Aquele que utiliza a mentira como manobra de poder sabe onde quer chegar, sabe o que quer obter, sabe os ganhos que quer amealhar. A legião de crédulos entrega sua vida (e a vida de outros) no altar destes Pinóquios perversos – que as utiliza, desgasta e descarta com desenvoltura.
Convidei meu amigo irmão para dialogarmos muito a respeito, pois sei que talvez tenhamos pouco a fazer de concreto. Mas precisamos fazer. Dentro da nossa estrutura mental, nas nossas comunidades – sem discurso, sem falas iradas – agindo. Com coerência e consistência. Muitas vezes, no mundo fictício apregoado, a vida de verdade parece pouco emocionante... mas é de verdade! É real.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.