<span class="abre-texto">A volta ao trabalho é também o retorno às reuniões,</span> fila de supermercado e redes sociais. Cada vez mais eu me assusto com os olhos opacos de quem se movimenta com fones de ouvido e o corpo curvado, quando, em um relance, é obrigado a olhar.
Início de semestre. O planejamento de uma sequência didática sobre a linguagem da arte me traz a obra “O Grito”, de Edvard Munch, como elemento de mobilização. Mergulho nas cores fortes e me perco nos traços sinuosos.
A angústia retratada na obra acorda em mim o desespero mudo diante de pessoas cada vez mais afastadas de si mesmas e, portanto, incapazes de acolher o outro.
Palavras não ditas sufocam a vida, impedem o encontro, impossibilitam o caminho, cegam o olhar, enquanto outras palavras são despejadas na intenção, muitas vezes inconsciente, de impor, definir, dominar. No meio da ponte, o grito ecoa.
Tenho observado diferentes agrupamentos que parecem estar se comunicando e que, de fato, representam apenas o desfilar das bandeiras defendidas, os conceitos cristalizados, as crenças arraigadas, as supostas verdades de cada um.
Esse formato expositivo das individualidades é desprovido da intenção da troca e tem se multiplicado nas redes sociais. Vivemos sob o império dos discursos fragmentados que se definem como detentores da verdade e não admitem outras interpretações.
Tanto nas reuniões presenciais quanto nas virtuais temos vivenciado a ilusão descrita na parábola indiana em que três homens cegos tatearam diferentes partes de um elefante e tiveram percepções diferentes: o primeiro sentiu o flanco e pensou que era um muro; o segundo sentiu as presas e pensou que era uma lança; o terceiro sentiu a tromba e pensou que era uma serpente.
Apegados à nossa verdade subjetiva, desperdiçamos a oportunidade da partilha. Endeusamos a parte que conhecemos, o detalhe que apreendemos, e nos privamos de conhecer o todo.
E, assim como os cegos da parábola, alardeamos como verdade absoluta o que está circunscrito à nossa limitada percepção.
Embora as redes sociais tenham aberto espaço para a palavra de quase todos, não aprendemos a escutar o outro e, portanto, não ampliamos a nossa visão. É urgente resgatar a curiosidade empática, aprender a perguntar como fazíamos com frequência em nossa infância. As perguntas nos apontam caminhos.
Com certeza, na intenção da troca, precisaremos restringir o número de grupos ou de redes; no entanto, ampliaremos o nosso olhar, visto que, em um diálogo, entregamos uma parte de nós e recebemos uma parte do outro. A escuta, que é pressuposto do diálogo, requer abertura para reconhecer que o outro tem direito à sua palavra e que esta, mesmo diversa da nossa, tem valor.
Tomo de empréstimo as palavras do poeta persa Rumi para expressar o meu grito: “Somos como barcos correndo juntos; nossos olhos estão escurecidos, mas estamos em águas claras. [...] Se cada um de nós tivesse uma vela e entrássemos juntos, as diferenças desapareceriam”.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
<span class="abre-texto">A volta ao trabalho é também o retorno às reuniões,</span> fila de supermercado e redes sociais. Cada vez mais eu me assusto com os olhos opacos de quem se movimenta com fones de ouvido e o corpo curvado, quando, em um relance, é obrigado a olhar.
Início de semestre. O planejamento de uma sequência didática sobre a linguagem da arte me traz a obra “O Grito”, de Edvard Munch, como elemento de mobilização. Mergulho nas cores fortes e me perco nos traços sinuosos.
A angústia retratada na obra acorda em mim o desespero mudo diante de pessoas cada vez mais afastadas de si mesmas e, portanto, incapazes de acolher o outro.
Palavras não ditas sufocam a vida, impedem o encontro, impossibilitam o caminho, cegam o olhar, enquanto outras palavras são despejadas na intenção, muitas vezes inconsciente, de impor, definir, dominar. No meio da ponte, o grito ecoa.
Tenho observado diferentes agrupamentos que parecem estar se comunicando e que, de fato, representam apenas o desfilar das bandeiras defendidas, os conceitos cristalizados, as crenças arraigadas, as supostas verdades de cada um.
Esse formato expositivo das individualidades é desprovido da intenção da troca e tem se multiplicado nas redes sociais. Vivemos sob o império dos discursos fragmentados que se definem como detentores da verdade e não admitem outras interpretações.
Tanto nas reuniões presenciais quanto nas virtuais temos vivenciado a ilusão descrita na parábola indiana em que três homens cegos tatearam diferentes partes de um elefante e tiveram percepções diferentes: o primeiro sentiu o flanco e pensou que era um muro; o segundo sentiu as presas e pensou que era uma lança; o terceiro sentiu a tromba e pensou que era uma serpente.
Apegados à nossa verdade subjetiva, desperdiçamos a oportunidade da partilha. Endeusamos a parte que conhecemos, o detalhe que apreendemos, e nos privamos de conhecer o todo.
E, assim como os cegos da parábola, alardeamos como verdade absoluta o que está circunscrito à nossa limitada percepção.
Embora as redes sociais tenham aberto espaço para a palavra de quase todos, não aprendemos a escutar o outro e, portanto, não ampliamos a nossa visão. É urgente resgatar a curiosidade empática, aprender a perguntar como fazíamos com frequência em nossa infância. As perguntas nos apontam caminhos.
Com certeza, na intenção da troca, precisaremos restringir o número de grupos ou de redes; no entanto, ampliaremos o nosso olhar, visto que, em um diálogo, entregamos uma parte de nós e recebemos uma parte do outro. A escuta, que é pressuposto do diálogo, requer abertura para reconhecer que o outro tem direito à sua palavra e que esta, mesmo diversa da nossa, tem valor.
Tomo de empréstimo as palavras do poeta persa Rumi para expressar o meu grito: “Somos como barcos correndo juntos; nossos olhos estão escurecidos, mas estamos em águas claras. [...] Se cada um de nós tivesse uma vela e entrássemos juntos, as diferenças desapareceriam”.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.