Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Alienação digital e a urgência de resgatar o diálogo

Reflexão sobre alienação no cotidiano, a fragmentação nas redes sociais e a urgência de resgatar a empatia e o diálogo.Reflexão sobre alienação no cotidiano, a fragmentação nas redes sociais e a urgência de resgatar a empatia e o diálogo.
Bianca Stella
/
Adobe Firefly
Jane Hir

<span class="abre-texto">A volta ao trabalho é também o retorno às reuniões,</span> fila de supermercado e redes sociais. Cada vez mais eu me assusto com os olhos opacos de quem se movimenta com fones de ouvido e o corpo curvado, quando, em um relance, é obrigado a olhar.

Início de semestre. O planejamento de uma sequência didática sobre a linguagem da arte me traz a obra “O Grito”, de Edvard Munch, como elemento de mobilização. Mergulho nas cores fortes e me perco nos traços sinuosos.

A angústia retratada na obra acorda em mim o desespero mudo diante de pessoas cada vez mais afastadas de si mesmas e, portanto, incapazes de acolher o outro.

Palavras não ditas sufocam a vida, impedem o encontro, impossibilitam o caminho, cegam o olhar, enquanto outras palavras são despejadas na intenção, muitas vezes inconsciente, de impor, definir, dominar. No meio da ponte, o grito ecoa.

Tenho observado diferentes agrupamentos que parecem estar se comunicando e que, de fato, representam apenas o desfilar das bandeiras defendidas, os conceitos cristalizados, as crenças arraigadas, as supostas verdades de cada um.

Esse formato expositivo das individualidades é desprovido da intenção da troca e tem se multiplicado nas redes sociais. Vivemos sob o império dos discursos fragmentados que se definem como detentores da verdade e não admitem outras interpretações.

Tanto nas reuniões presenciais quanto nas virtuais temos vivenciado a ilusão descrita na parábola indiana em que três homens cegos tatearam diferentes partes de um elefante e tiveram percepções diferentes: o primeiro sentiu o flanco e pensou que era um muro; o segundo sentiu as presas e pensou que era uma lança; o terceiro sentiu a tromba e pensou que era uma serpente.

Apegados à nossa verdade subjetiva, desperdiçamos a oportunidade da partilha. Endeusamos a parte que conhecemos, o detalhe que apreendemos, e nos privamos de conhecer o todo.

E, assim como os cegos da parábola, alardeamos como verdade absoluta o que está circunscrito à nossa limitada percepção.

Embora as redes sociais tenham aberto espaço para a palavra de quase todos, não aprendemos a escutar o outro e, portanto, não ampliamos a nossa visão. É urgente resgatar a curiosidade empática, aprender a perguntar como fazíamos com frequência em nossa infância. As perguntas nos apontam caminhos.

Com certeza, na intenção da troca, precisaremos restringir o número de grupos ou de redes; no entanto, ampliaremos o nosso olhar, visto que, em um diálogo, entregamos uma parte de nós e recebemos uma parte do outro. A escuta, que é pressuposto do diálogo, requer abertura para reconhecer que o outro tem direito à sua palavra e que esta, mesmo diversa da nossa, tem valor.

Tomo de empréstimo as palavras do poeta persa Rumi para expressar o meu grito: “Somos como barcos correndo juntos; nossos olhos estão escurecidos, mas estamos em águas claras. [...] Se cada um de nós tivesse uma vela e entrássemos juntos, as diferenças desapareceriam”.

Última atualização
27/7/2024 12:53
Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira. 

Opinião

Alienação digital e a urgência de resgatar o diálogo

Reflexão sobre alienação no cotidiano, a fragmentação nas redes sociais e a urgência de resgatar a empatia e o diálogo.Reflexão sobre alienação no cotidiano, a fragmentação nas redes sociais e a urgência de resgatar a empatia e o diálogo.
Bianca Stella
/
Adobe Firefly
Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).
27/7/2024 12:51
Jane Hir

<span class="abre-texto">A volta ao trabalho é também o retorno às reuniões,</span> fila de supermercado e redes sociais. Cada vez mais eu me assusto com os olhos opacos de quem se movimenta com fones de ouvido e o corpo curvado, quando, em um relance, é obrigado a olhar.

Início de semestre. O planejamento de uma sequência didática sobre a linguagem da arte me traz a obra “O Grito”, de Edvard Munch, como elemento de mobilização. Mergulho nas cores fortes e me perco nos traços sinuosos.

A angústia retratada na obra acorda em mim o desespero mudo diante de pessoas cada vez mais afastadas de si mesmas e, portanto, incapazes de acolher o outro.

Palavras não ditas sufocam a vida, impedem o encontro, impossibilitam o caminho, cegam o olhar, enquanto outras palavras são despejadas na intenção, muitas vezes inconsciente, de impor, definir, dominar. No meio da ponte, o grito ecoa.

Tenho observado diferentes agrupamentos que parecem estar se comunicando e que, de fato, representam apenas o desfilar das bandeiras defendidas, os conceitos cristalizados, as crenças arraigadas, as supostas verdades de cada um.

Esse formato expositivo das individualidades é desprovido da intenção da troca e tem se multiplicado nas redes sociais. Vivemos sob o império dos discursos fragmentados que se definem como detentores da verdade e não admitem outras interpretações.

Tanto nas reuniões presenciais quanto nas virtuais temos vivenciado a ilusão descrita na parábola indiana em que três homens cegos tatearam diferentes partes de um elefante e tiveram percepções diferentes: o primeiro sentiu o flanco e pensou que era um muro; o segundo sentiu as presas e pensou que era uma lança; o terceiro sentiu a tromba e pensou que era uma serpente.

Apegados à nossa verdade subjetiva, desperdiçamos a oportunidade da partilha. Endeusamos a parte que conhecemos, o detalhe que apreendemos, e nos privamos de conhecer o todo.

E, assim como os cegos da parábola, alardeamos como verdade absoluta o que está circunscrito à nossa limitada percepção.

Embora as redes sociais tenham aberto espaço para a palavra de quase todos, não aprendemos a escutar o outro e, portanto, não ampliamos a nossa visão. É urgente resgatar a curiosidade empática, aprender a perguntar como fazíamos com frequência em nossa infância. As perguntas nos apontam caminhos.

Com certeza, na intenção da troca, precisaremos restringir o número de grupos ou de redes; no entanto, ampliaremos o nosso olhar, visto que, em um diálogo, entregamos uma parte de nós e recebemos uma parte do outro. A escuta, que é pressuposto do diálogo, requer abertura para reconhecer que o outro tem direito à sua palavra e que esta, mesmo diversa da nossa, tem valor.

Tomo de empréstimo as palavras do poeta persa Rumi para expressar o meu grito: “Somos como barcos correndo juntos; nossos olhos estão escurecidos, mas estamos em águas claras. [...] Se cada um de nós tivesse uma vela e entrássemos juntos, as diferenças desapareceriam”.

Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).
Última atualização
27/7/2024 12:53

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.