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Opinião

A dor de uma tragédia e a fuga para preservar a sanidade

Encontre refúgio na solidão diante da dor insuportável. Psicologia, tragédia, solidão e resiliência.Encontre refúgio na solidão diante da dor insuportável. Psicologia, tragédia, solidão e resiliência.
Bianca Stella
/
Adobe Firefly
Marta Moneo

<span class="abre-texto">Por vezes a dor de uma tragédia</span> alcança um lugar onde a mente, em seu limiar ao sofrimento, permite abster-se, fugir a um canto inalcançável à mínima preservação da própria sanidade.

Na incoerência do processo, a solidão pode trazer pretenso alívio ao insuportável do real. 

Usando a metáfora da ostra ferida, a pessoa se recolhe e se esconde em si. Naquela cela pequena pode, enfim, se enredar e permitir-se chorar. Verter a dor que enlouquece, gritar sua mágoa e soprar o corte do inenarrável sentir.

Até secarem os olhos, pelo esgotamento das lágrimas... E, mesmo não gerando pérolas, deixar-se içar por uma qualquer ordem de voltar à lucidez – área da consciência em que o compartilhamento da angústia e das tristezas exige comedimento.

Há quem encontre no dormir uma forma de desaparecer um pouco de presenças capazes de atualizarem a falta – uma saída, por certo! Outra forma de expressar o impacto emocional ante a perda (antecipada e impensada) se daria pelo mergulho a estados depressivos, em que o sono entorpece e parece atenuar os ruídos do psiquismo. Dormindo, supõe-se, o pensar se veste do onírico e se deixa levar pelos desejos mais secretos.

Em caminho distinto, há quem sucumba à perda de consciência por meio de crises epiléticas ou convulsões – a raiz destas sempre reside em algum acontecimento psicológico muito sofrido, com o qual a pessoa não consegue lidar racionalmente – que pode durar horas e dias de inconsciência. Ao convulsionar, o ego se envolve, pelo silenciar das memórias, em um apagamento da dor e do sofrer. Creio ter sido este o plausível caminho que uma querida tia tomou pela vida, muito mais em sobrevida, para prosseguir nessa emaranhada resistência à perda dos mais íntimos do coração.

Das tantas experiências tristes, uma sem-fim é, sem dúvida, a de quem sobrevive ao ato suicida de seus amores.

Nela, a sensação de impotência, culpa e de interminável dor na alma permanecem e rodeiam os dias e as noites de ascendentes, descendentes e parceiros de trilha. 

E é por constatar a dor de quem perdeu um irmão querido para o suicídio que me permito um particular pedido: há sempre outra opção, existe sempre outra saída de acesso; à volta há amores envolvidos, há amores e amigos; há alternadas escolhas e um tempo que se renova criando outras cenas. Não antecipe a partida, não use as mãos para se despedir da vida... aproveite a força e a busca que vertem delas, e segure firme nas palmas que se estendam a você!

Procure atendimento psicológico – ninguém é autossuficiente para lidar com traumas, medos, revoltas, angústias, emoções e situações diversas aparentemente insolúveis! Caso não consiga tocar as mãos de alguém no seu instante de aflição, chame estas... elas virão: 188 (CVV – Centro de Valorização da Vida) ou 190 (Polícia Militar) ou 192 (SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou 193 (Corpo de Bombeiros). 

Lembre-se: muitos corações morrem junto no ato suicida.

Última atualização
4/7/2024 20:15
Marta Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); Pós-graduada em psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em psicanálise, pelo Centro de Formação em Psicanálise Clínica Illumen, com sede em São Paulo desde 2010. Outras formações acadêmicas: graduação em administração de empresas, pela Faculdade Ibero-Americana; graduação em letras, pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes) Catanduva; Leciona psicanálise, atua como analista didática e supervisora na preparação psicanalítica de alunos do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2017, com maior direcionamento ao público infanto-juvenil e adolescente.

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira. 

Opinião

A dor de uma tragédia e a fuga para preservar a sanidade

Encontre refúgio na solidão diante da dor insuportável. Psicologia, tragédia, solidão e resiliência.Encontre refúgio na solidão diante da dor insuportável. Psicologia, tragédia, solidão e resiliência.
Bianca Stella
/
Adobe Firefly
Marta Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); Pós-graduada em psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em psicanálise, pelo Centro de Formação em Psicanálise Clínica Illumen, com sede em São Paulo desde 2010. Outras formações acadêmicas: graduação em administração de empresas, pela Faculdade Ibero-Americana; graduação em letras, pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes) Catanduva; Leciona psicanálise, atua como analista didática e supervisora na preparação psicanalítica de alunos do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2017, com maior direcionamento ao público infanto-juvenil e adolescente.
4/7/2024 19:59
Marta Moneo

Suicídio: a dor de quem permanece

<span class="abre-texto">Por vezes a dor de uma tragédia</span> alcança um lugar onde a mente, em seu limiar ao sofrimento, permite abster-se, fugir a um canto inalcançável à mínima preservação da própria sanidade.

Na incoerência do processo, a solidão pode trazer pretenso alívio ao insuportável do real. 

Usando a metáfora da ostra ferida, a pessoa se recolhe e se esconde em si. Naquela cela pequena pode, enfim, se enredar e permitir-se chorar. Verter a dor que enlouquece, gritar sua mágoa e soprar o corte do inenarrável sentir.

Até secarem os olhos, pelo esgotamento das lágrimas... E, mesmo não gerando pérolas, deixar-se içar por uma qualquer ordem de voltar à lucidez – área da consciência em que o compartilhamento da angústia e das tristezas exige comedimento.

Há quem encontre no dormir uma forma de desaparecer um pouco de presenças capazes de atualizarem a falta – uma saída, por certo! Outra forma de expressar o impacto emocional ante a perda (antecipada e impensada) se daria pelo mergulho a estados depressivos, em que o sono entorpece e parece atenuar os ruídos do psiquismo. Dormindo, supõe-se, o pensar se veste do onírico e se deixa levar pelos desejos mais secretos.

Em caminho distinto, há quem sucumba à perda de consciência por meio de crises epiléticas ou convulsões – a raiz destas sempre reside em algum acontecimento psicológico muito sofrido, com o qual a pessoa não consegue lidar racionalmente – que pode durar horas e dias de inconsciência. Ao convulsionar, o ego se envolve, pelo silenciar das memórias, em um apagamento da dor e do sofrer. Creio ter sido este o plausível caminho que uma querida tia tomou pela vida, muito mais em sobrevida, para prosseguir nessa emaranhada resistência à perda dos mais íntimos do coração.

Das tantas experiências tristes, uma sem-fim é, sem dúvida, a de quem sobrevive ao ato suicida de seus amores.

Nela, a sensação de impotência, culpa e de interminável dor na alma permanecem e rodeiam os dias e as noites de ascendentes, descendentes e parceiros de trilha. 

E é por constatar a dor de quem perdeu um irmão querido para o suicídio que me permito um particular pedido: há sempre outra opção, existe sempre outra saída de acesso; à volta há amores envolvidos, há amores e amigos; há alternadas escolhas e um tempo que se renova criando outras cenas. Não antecipe a partida, não use as mãos para se despedir da vida... aproveite a força e a busca que vertem delas, e segure firme nas palmas que se estendam a você!

Procure atendimento psicológico – ninguém é autossuficiente para lidar com traumas, medos, revoltas, angústias, emoções e situações diversas aparentemente insolúveis! Caso não consiga tocar as mãos de alguém no seu instante de aflição, chame estas... elas virão: 188 (CVV – Centro de Valorização da Vida) ou 190 (Polícia Militar) ou 192 (SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou 193 (Corpo de Bombeiros). 

Lembre-se: muitos corações morrem junto no ato suicida.

Marta Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); Pós-graduada em psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em psicanálise, pelo Centro de Formação em Psicanálise Clínica Illumen, com sede em São Paulo desde 2010. Outras formações acadêmicas: graduação em administração de empresas, pela Faculdade Ibero-Americana; graduação em letras, pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes) Catanduva; Leciona psicanálise, atua como analista didática e supervisora na preparação psicanalítica de alunos do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2017, com maior direcionamento ao público infanto-juvenil e adolescente.
Última atualização
4/7/2024 20:15

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.