<span class="abre-texto">Ser humano e bem resolvido consigo mesmo</span> não é para amadores. Afinal, vivemos num eterno conflito entre desejo e realidade, tendo que fazer escolhas o tempo todo, sem nenhuma garantia de que é a melhor dentre tantas outras. Aliás, muitas vezes adiamos este momento de decisão, até o limite, iludidos de que podemos simplesmente não fazer nada a respeito, como se a não escolha também não fosse uma escolha!
Pois é, e não basta escolher por escolher, pois isso também não nos satisfaz e, com o agravante de vir a gerar sofrimentos, os quais, boa parte das vezes, sequer associamos a alguma escolha tomada de maneira irrefletida ou inconsequente.
Seguimos sem certezas, diante do inevitável momento que se aproxima, descortinando possibilidades inúmeras de prazer ou de redução do desprazer, sem garantia alguma de plena satisfação, até porque isso não é da natureza do homem. O famoso ego cindido mencionado por Freud, que não é senhor em sua própria morada, sempre experimentando uma falta, em busca de uma saciedade que nunca se completa, mas que o move incessantemente.
Acrescenta-se aqui outro ingrediente importante que só amplia este desconforto: a constante comparação, hoje muito mais intensa, proporcional à visibilidade que acreditamos ter dos outros, claramente ilusória, pois tendemos a enxergar, com nossas lentes da escassez, a pujança no quintal do vizinho, o que torna nossa grama menos verdinha e, consequentemente, nossa vida mais desinteressante e desanimadora.
Assim, ter que escolher vira um drama, gera ansiedade e uma única certeza se descortina: ao escolher algo, deixo de lado outras tantas possibilidades, o que só amplia minha vontade de adiar o momento de decidir.
Não à toa convivemos hoje com novos padrões de comportamento, caso da geração nem-nem, que vem crescendo nos últimos tempos e, em 2023, segundo o IBGE, já representava quase 11 milhões de jovens só no Brasil, um em cada cinco jovens entre 15 e 29 anos.
É claro que parte significativa deste grupo está nesta situação não por vontade própria, mas por falta de oportunidades, em especial os mais vulneráveis, pertencentes a classes sociais menos favorecidas, com dificuldades em dar continuidade aos estudos e de ingressar no mercado de trabalho, o que afeta significativamente a capacidade de escolha e, consequentemente, a autoestima, alijados que estão de uma vida mais digna, a constituir um sério problema social que precisa ser enfrentado.
Mas é no consultório que percebemos uma fração não desprezível deste grupo, de classe mais privilegiada e que, deliberadamente, escolhe ficar neste lugar, adiando o momento de assumir compromissos compatíveis com maior grau de maturidade.
Uma escolha, no mínimo, equivocada e que, certamente, trará consequências. Esta fração se aproxima de outra geração, típica da pós-modernidade, batizada como canguru, que abarca, na grande maioria, privilegiados jovens que optam por estender a estadia na casa dos pais, adiando o momento de assumir compromissos considerados adultos, relativos à própria sobrevivência.
Alguns até aproveitam a oportunidade para seguir nos estudos, outros se abandonam no princípio do prazer, vivendo num ócio interminável (geração canguru que claramente descambou para a geração nem-nem, para se eximir de responsabilidades típicas de adultos, numa eterna adolescência).
Em ambos, observa-se o retardo de escolhas adultas, para não ter que arcar com certas despesas que poderiam comprometer parte significativa da renda e prejudicar o padrão de vida que sempre gozaram. Mas o preço pago pode ser uma sensação de vazio por não conseguir viver mais plenamente um momento ímpar da vida.
Há ainda um novo grupo, que busca definir o atual status dos relacionamentos amorosos interpessoais, denominado “situationship”, em substituição ao tradicional “relationship”, onde o compromisso não se estabelece de forma clara, num passo intermediário entre o “ficar” e o “namorar”.
Lembrando, escolher significa se implicar, algo que nem sempre estamos preparados para fazer. E, sem a intenção de criticar, compreender este momento de indefinições, para lidar melhor com ele, pode ser uma estratégia interessante, desde que entendido dessa maneira.
Portanto, como sair deste círculo vicioso? Sempre iremos desejar mais do que podemos ter, como nos revela a frase de um publicitário famoso: “Ganho mais do que preciso e menos do que mereço!”.
E há também o fenômeno da intrínseca insatisfação latente, característica do humano, a nos impulsionar para a busca de uma completude que não combina com a natureza conflitiva que nos constitui. Mas se isto é motivo de angústia, é também sinal de estímulo para continuidade da jornada.
Seguimos incompletos, mas buscando dar um sentido à vida, o que fazemos via escolhas: um novo emprego, uma capacitação, alguém para compartilhar sonhos, um simples passeio no fim de semana e por aí vai.
Vale então pensar em elencar aquilo que escolho e consigo bancar, pois me é importante para a construção da minha maturidade, rumo a uma independência relativa e aquilo que, ainda instigante, antevejo que não darei conta e, portanto, melhor declinar, ao invés de adiar ou repetir de forma inconsequente, o que requer um certo conhecimento de si mesmo.
Uma boa análise leva o sujeito a estas constatações, a partir de suas próprias experiências e expectativas em relação à vida, com um relativo distanciamento das idealizações que ele assimilou por anos a fio, mas que são ilusórias, inatingíveis, abrindo sua percepção num movimento contrário, que o leve em direção a si mesmo, ao que deseja de fato, de encontro com seus ideais, ao que faz a diferença, dá sentido, tempera a existência e vale a pena bancar!
O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.
Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.
Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.
<span class="abre-texto">Ser humano e bem resolvido consigo mesmo</span> não é para amadores. Afinal, vivemos num eterno conflito entre desejo e realidade, tendo que fazer escolhas o tempo todo, sem nenhuma garantia de que é a melhor dentre tantas outras. Aliás, muitas vezes adiamos este momento de decisão, até o limite, iludidos de que podemos simplesmente não fazer nada a respeito, como se a não escolha também não fosse uma escolha!
Pois é, e não basta escolher por escolher, pois isso também não nos satisfaz e, com o agravante de vir a gerar sofrimentos, os quais, boa parte das vezes, sequer associamos a alguma escolha tomada de maneira irrefletida ou inconsequente.
Seguimos sem certezas, diante do inevitável momento que se aproxima, descortinando possibilidades inúmeras de prazer ou de redução do desprazer, sem garantia alguma de plena satisfação, até porque isso não é da natureza do homem. O famoso ego cindido mencionado por Freud, que não é senhor em sua própria morada, sempre experimentando uma falta, em busca de uma saciedade que nunca se completa, mas que o move incessantemente.
Acrescenta-se aqui outro ingrediente importante que só amplia este desconforto: a constante comparação, hoje muito mais intensa, proporcional à visibilidade que acreditamos ter dos outros, claramente ilusória, pois tendemos a enxergar, com nossas lentes da escassez, a pujança no quintal do vizinho, o que torna nossa grama menos verdinha e, consequentemente, nossa vida mais desinteressante e desanimadora.
Assim, ter que escolher vira um drama, gera ansiedade e uma única certeza se descortina: ao escolher algo, deixo de lado outras tantas possibilidades, o que só amplia minha vontade de adiar o momento de decidir.
Não à toa convivemos hoje com novos padrões de comportamento, caso da geração nem-nem, que vem crescendo nos últimos tempos e, em 2023, segundo o IBGE, já representava quase 11 milhões de jovens só no Brasil, um em cada cinco jovens entre 15 e 29 anos.
É claro que parte significativa deste grupo está nesta situação não por vontade própria, mas por falta de oportunidades, em especial os mais vulneráveis, pertencentes a classes sociais menos favorecidas, com dificuldades em dar continuidade aos estudos e de ingressar no mercado de trabalho, o que afeta significativamente a capacidade de escolha e, consequentemente, a autoestima, alijados que estão de uma vida mais digna, a constituir um sério problema social que precisa ser enfrentado.
Mas é no consultório que percebemos uma fração não desprezível deste grupo, de classe mais privilegiada e que, deliberadamente, escolhe ficar neste lugar, adiando o momento de assumir compromissos compatíveis com maior grau de maturidade.
Uma escolha, no mínimo, equivocada e que, certamente, trará consequências. Esta fração se aproxima de outra geração, típica da pós-modernidade, batizada como canguru, que abarca, na grande maioria, privilegiados jovens que optam por estender a estadia na casa dos pais, adiando o momento de assumir compromissos considerados adultos, relativos à própria sobrevivência.
Alguns até aproveitam a oportunidade para seguir nos estudos, outros se abandonam no princípio do prazer, vivendo num ócio interminável (geração canguru que claramente descambou para a geração nem-nem, para se eximir de responsabilidades típicas de adultos, numa eterna adolescência).
Em ambos, observa-se o retardo de escolhas adultas, para não ter que arcar com certas despesas que poderiam comprometer parte significativa da renda e prejudicar o padrão de vida que sempre gozaram. Mas o preço pago pode ser uma sensação de vazio por não conseguir viver mais plenamente um momento ímpar da vida.
Há ainda um novo grupo, que busca definir o atual status dos relacionamentos amorosos interpessoais, denominado “situationship”, em substituição ao tradicional “relationship”, onde o compromisso não se estabelece de forma clara, num passo intermediário entre o “ficar” e o “namorar”.
Lembrando, escolher significa se implicar, algo que nem sempre estamos preparados para fazer. E, sem a intenção de criticar, compreender este momento de indefinições, para lidar melhor com ele, pode ser uma estratégia interessante, desde que entendido dessa maneira.
Portanto, como sair deste círculo vicioso? Sempre iremos desejar mais do que podemos ter, como nos revela a frase de um publicitário famoso: “Ganho mais do que preciso e menos do que mereço!”.
E há também o fenômeno da intrínseca insatisfação latente, característica do humano, a nos impulsionar para a busca de uma completude que não combina com a natureza conflitiva que nos constitui. Mas se isto é motivo de angústia, é também sinal de estímulo para continuidade da jornada.
Seguimos incompletos, mas buscando dar um sentido à vida, o que fazemos via escolhas: um novo emprego, uma capacitação, alguém para compartilhar sonhos, um simples passeio no fim de semana e por aí vai.
Vale então pensar em elencar aquilo que escolho e consigo bancar, pois me é importante para a construção da minha maturidade, rumo a uma independência relativa e aquilo que, ainda instigante, antevejo que não darei conta e, portanto, melhor declinar, ao invés de adiar ou repetir de forma inconsequente, o que requer um certo conhecimento de si mesmo.
Uma boa análise leva o sujeito a estas constatações, a partir de suas próprias experiências e expectativas em relação à vida, com um relativo distanciamento das idealizações que ele assimilou por anos a fio, mas que são ilusórias, inatingíveis, abrindo sua percepção num movimento contrário, que o leve em direção a si mesmo, ao que deseja de fato, de encontro com seus ideais, ao que faz a diferença, dá sentido, tempera a existência e vale a pena bancar!
O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.
Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.
Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.