Apesar das melhorias do rio Sena, Paris ainda precisa avançar na despoluição para garantir que a população possa tomar banho e, eventualmente, consumir a água do rio. “Há muito trabalho a ser feito para que a gente atinja níveis plenamente seguros e saudáveis desse rio”, afirma César Pegoraro, educador ambiental da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica.

A França destinou cerca de 1,4 bilhão de Euros (aproximadamente R$ 8,3 bilhões) para modernizar a infraestrutura de tratamento de águas residuais, com o objetivo de reduzir a quantidade de esgoto que ainda desemboca no Sena. Mesmo assim, os treinos foram cancelados e alguns atletas olímpicos passaram mal devido à poluição. 

O educador ambiental explica que, apesar do investimento, o rio continua sujeito à poluição difusa, típica de grandes centros urbanos. “Essa poluição é aquela que a gente não dá muita atenção, mas ela é muito perigosa para a qualidade dos rios. É aquele lixinho que acabou caindo na rua, às vezes sem querer, a fuligem dos carros, o óleo dos veículos, a própria fuligem atmosférica que vai se depositando nas ruas e, quando chove, tudo isso vai parar no rio”, observa.

Por isso, os rios urbanos “dificilmente vão ter uma qualidade incrível, uma qualidade como se ele fosse um rio preservado num ambiente natural”. No entanto, comparado a rios urbanos brasileiros, como o rio Tietê, em São Paulo, o Sena está em melhor condição para que seja apropriado pela população.

O Brasil pode aprender com a iniciativa. Além do investimento, é preciso valorizar as medidas de saneamento básico e as ações educativas.

“O saneamento básico tem que ser um projeto cidadão. Nós, enquanto eleitores e eleitoras, temos que exigir essa dignidade”, defende. O investimento deve se somar à educação: “porque não vai adiantar a gente investir dinheiro e tempo se a gente não mudar a consciência das pessoas”.